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POR TRÁS DA CÂMERA
Paulo Zero, ex-câmera da Rede Globo nos EUA e em conflitos da América
Central, vem trabalhar em São Paulo
Cinegrafista troca guerras e NY por SP
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
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O cinegrafista Paulo Zero, que trabalha agora na Globo de SP |
da Reportagem Local
Depois de trabalhar na Globo
nos EUA durante 21 anos, o cinegrafista Paulo Zero mudou-se em
maio para São Paulo e vem dando
assistência aos câmeras dos telejornais da emissora.
Casado com a também repórter
Sônia Bridi, Zero cobriu os conflitos políticos na América Central,
como em Nicarágua e El Salvador,
nos anos 70 e 80.
Com a equipe brasileira da Globo, já produziu dois "Globo Repórter", um explorando os desertos e mares de corais da Austrália
e outro sobre Indonésia e Bali,
com destaque para o exótico dragão de Komodo, animal nativo da
ilha de mesmo nome.
Em entrevista, ele fala sobre seu
trabalho.
(THIAGO STIVALETTI)
Folha - Qual é a principal diferença entre o trabalho de cinegrafista no Brasil e nos EUA?
Paulo Zero - Aqui, a maioria
das equipes de filmagem dos telejornais, além do repórter, conta
com um cinegrafista e o chamado
"pejoteiro" -jargão para operador de unidade portátil-, que
cuida da iluminação.
Já nos EUA, os equipamentos
permitem que o cinegrafista seja o
próprio diretor de fotografia e
cuide da luz. O pejoteiro fica encarregado apenas do áudio da filmagem, o que dá maior qualidade
ao resultado final.
Folha - Como deve agir o cinegrafista em situações diferentes, como uma eleição, uma
queimada e uma guerra?
Zero - Em qualquer ocasião, o
câmera deve sempre buscar o detalhe, o inusitado. Mas o grau de
influência do trabalho do cinegrafista varia de acordo com o que está sendo tratado. No caso de uma
eleição (situação das mais chatas),
talvez o melhor seja buscar rostos
e posturas engraçados entre os
presentes, mas o que acaba contando é o trabalho do repórter e
do editor. Já em uma reportagem
sobre natureza, o trabalho do câmera é 99% do resultado final. Em
uma guerra, temos que nos preocupar muito com a segurança. Se
não há possibilidade de chegar
muito perto do conflito, também
podemos mostrar o lado humano, o medo no rosto das pessoas e
o cotidiano delas em uma situação extrema como essa.
Folha - Qual a receita de uma
boa reportagem de TV?
Zero - O movimento da câmera
e a montagem não podem tirar a
atenção do entrevistado, regra
que muitos cinegrafistas desrespeitam. Odeio, por exemplo, as
edições muito picotadas da MTV.
Quando fazem isso, é porque não
devem ter um bom material.
Folha - O que mais te incomoda nos telejornais brasileiros?
Zero - Os microfones em cima
de um entrevistado como o presidente da República. O espectador
presta mais atenção neles do que
no entrevistado. Nos EUA, a assessoria do presidente providencia um parlatório e a iluminação.
Dou um prêmio para quem achar
um microfone na TV de lá.
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