São Paulo, domingo, 22 de novembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Monjardim quer mais tramas históricas além de 'Chiquinha'

da Sucursal do Rio

A minissérie "Chiquinha Gonzaga", com estréia prevista para janeiro de 1999, não traz de volta apenas a pioneira maestrina, que compôs a marcha carnavalesca "Ô Abre Alas" em 1899. Ela também marca o retorno do diretor Jayme Monjardim, afastado da Rede Globo há dez anos.
Cansado do formato das novelas, que considera pouco criativo, Monjardim resolveu que só voltaria a investir em teledramaturgia para tocar um projeto diferente.
"As novelas estavam virando clipes. Mas "Chiquinha' escapa dessa tendência porque sugere uma nova linguagem. Ela tem 42 capítulos, longa demais para uma minissérie e muito curta para uma novela", explica.
O convite para dirigir a minissérie partiu de Roberto Talma e Daniel Filho. Seus últimos trabalhos para a televisão foram "A Idade da Loba", exibido pela Bandeirantes em 1995, e "O Mundo Mágico de Beto Carrero", cuja transmissão está sendo negociada com duas emissoras.
Para Monjardim, "Chiquinha Gonzaga" sinaliza a retomada das tramas de época na TV. "Se levarmos em conta a falta de memória do brasileiro, essa trama ganha um papel educativo tremendo. A vida da compositora serve como pano de fundo para contarmos a história do Brasil e de nossa música popular de uma forma acessível", diz.
A minissérie deve também estimular a gravação de outros épicos românticos inspirados em personagens brasileiros, de acordo com o diretor. "Nosso acervo cultural é vastíssimo. Quem tem em casa Machado de Assis e Carlos Gomes não precisa recorrer a estrangeiros", afirma.
Monjardim evitou repetir fórmulas desde o início da sua carreira. Diretor de sucessos como "Corpo a Corpo" (1984) e "Sinhá Moça" (1986), ele saiu da Globo para tocar um ambicioso projeto, na Rede Manchete: lançar um novo padrão estético para as tramas televisivas.
Dessa idéia surgiu "Pantanal" (1990), primeira ameaça ao monopólio global na audiência. A novela, atualmente reprisada pela Manchete, lançou estrelas como Carolina Ferraz e Cristiana Oliveira.
Dez anos depois, Monjardim estranhou o que viu na Globo. "Não tinha idéia da dimensão do Projac. É uma máquina de realizar sonhos que torna o processo de gravação muito menos desgastante", afirma.
O complexo cenográfico da Globo se mostrou mais eficiente do que as ruas da cidade onde a maestrina viveu. "O Rio não conserva a sua história. Tivemos dificuldade em encontrar locações históricas porque os monumentos sofreram com a ação do tempo", lamenta Monjardim.
Para contornar o problema, o diretor selecionou 40 fotos do Rio antigo, tiradas pelo fotógrafo Marc Ferrez e adaptadas para a TV por animação computadorizada.
(GUSTAVO AUTRAN)




Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.