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Monjardim quer mais tramas históricas além de 'Chiquinha'
da Sucursal do Rio
A minissérie "Chiquinha
Gonzaga", com estréia prevista para janeiro de 1999, não
traz de volta apenas a pioneira
maestrina, que compôs a
marcha carnavalesca "Ô
Abre Alas" em 1899. Ela também marca o retorno do diretor Jayme Monjardim, afastado da Rede Globo há dez anos.
Cansado do formato das novelas, que considera pouco
criativo, Monjardim resolveu
que só voltaria a investir em
teledramaturgia para tocar
um projeto diferente.
"As novelas estavam virando clipes. Mas "Chiquinha'
escapa dessa tendência porque sugere uma nova linguagem. Ela tem 42 capítulos,
longa demais para uma minissérie e muito curta para
uma novela", explica.
O convite para dirigir a minissérie partiu de Roberto
Talma e Daniel Filho. Seus últimos trabalhos para a televisão foram "A Idade da Loba", exibido pela Bandeirantes em 1995, e "O Mundo Mágico de Beto Carrero", cuja
transmissão está sendo negociada com duas emissoras.
Para Monjardim, "Chiquinha Gonzaga" sinaliza a retomada das tramas de época na
TV. "Se levarmos em conta a
falta de memória do brasileiro, essa trama ganha um papel educativo tremendo. A vida da compositora serve como pano de fundo para contarmos a história do Brasil e
de nossa música popular de
uma forma acessível", diz.
A minissérie deve também
estimular a gravação de outros épicos românticos inspirados em personagens brasileiros, de acordo com o diretor. "Nosso acervo cultural é
vastíssimo. Quem tem em casa Machado de Assis e Carlos
Gomes não precisa recorrer a
estrangeiros", afirma.
Monjardim evitou repetir
fórmulas desde o início da sua
carreira. Diretor de sucessos
como "Corpo a Corpo"
(1984) e "Sinhá Moça"
(1986), ele saiu da Globo para
tocar um ambicioso projeto,
na Rede Manchete: lançar um
novo padrão estético para as
tramas televisivas.
Dessa idéia surgiu "Pantanal" (1990), primeira ameaça
ao monopólio global na audiência. A novela, atualmente
reprisada pela Manchete, lançou estrelas como Carolina
Ferraz e Cristiana Oliveira.
Dez anos depois, Monjardim estranhou o que viu na
Globo. "Não tinha idéia da
dimensão do Projac. É uma
máquina de realizar sonhos
que torna o processo de gravação muito menos desgastante", afirma.
O complexo cenográfico da
Globo se mostrou mais eficiente do que as ruas da cidade onde a maestrina viveu.
"O Rio não conserva a sua
história. Tivemos dificuldade
em encontrar locações históricas porque os monumentos
sofreram com a ação do tempo", lamenta Monjardim.
Para contornar o problema,
o diretor selecionou 40 fotos
do Rio antigo, tiradas pelo fotógrafo Marc Ferrez e adaptadas para a TV por animação
computadorizada.
(GUSTAVO AUTRAN)
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