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Tati (à esq.) em "As Férias do Sr. Hulot", atração a partir de 13/3

O CANAL pago TV5 (Net, Sky e Directv) vai apresentar, a partir do dia 6 de março, uma mostra representativa da obra do ator e cineasta Jacques Tati (1908-1982), cujo humor economizava nas palavras e apoiava-se num refinado olhar docemente crítico sobre a sociedade ocidental.

O primeiro filme da mostra -todos são legendados- é "Dia de Festa" ("Jour de Fête", 70 min., 1949), que será exibido nos dias 6, 7, 9 e 10. A produção foi a primeira em longa-metragem de Tati, que encontrou dificuldades em achar salas de exibição para o filme em seu país. Um problema, aliás, que, por sua linguagem inovadora, ele enfrentaria ainda outras vezes numa carreira atribulada.
Quando conseguiu que exibissem a história do carteiro atrapalhado que quer fazer uma distribuição ultra-rápida da correspondência de uma pequena aldeia francesa, o cineasta foi imediatamente reconhecido: "Dia de Festa" ganhou o prêmio de melhor roteiro do Festival de Veneza (1949) e o Grande Prêmio do Cinema Francês (1950).
Logo após as sessões do longa, o canal exibe o último dos cinco filmes curtos de Tati, "L'École des Facteurs" ("A Escola dos Fatores", 1947), em que, pela primeira vez, o ator assume a direção e a produção, em substituição a René Clement, que ficara doente.
Do dia 13 ao dia 17, o TV5 mostra uma das obras mais marcantes de Tati, "As Férias do Sr. Hulot" ("Les Vacances de M. Hulot", 96 min., 1953), um festival de esquetes quase sem palavras para satirizar turistas em férias de verão num balneário. A obra, aclamada em Cannes, Havana, Nova York e Edimburgo, colocou Tati entre os grandes do cinema.
O filme seguinte, cartaz entre os dias 20 e 24 de março, é outra criação maior, "Meu Tio" ("Mon Oncle", 120 min., 1958). O personagem Hulot reaparece para levar um pouco de salutar desordem à monótona vida de um sobrinho que vive numa mansão tão moderna e prática quanto insuportavelmente chata. Outro estouro de bilheteria e sucesso de crítica: Oscar de melhor filme estrangeiro em 1959, prêmio especial do júri de Cannes em 1958 etc.
Fecha a mostra -que prescinde apenas de "As Aventuras do Sr. Hulot no Tráfico Louco" ("Trafic", 1971)- o complicado "Playtime" (153 min., 1967), produção milionária que não agradou ao público e acabou por levar o cineasta à ruína. Em cópia restaurada, o filme distingue Hulot com sua cordialidade em meio a uma Paris futurista e fria.