São Paulo, domingo, 23 de julho de 2000


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DESAFIO
Atração tem muitas semelhanças com o norte-americano "Survivor", programa comportamental que é mania nos EUA
TV Globo põe no ar hoje a gincana voyeurista "No Limite"

ALEXANDRE MARON
DA SUCURSAL DO RIO

COM a estréia hoje, às 22h40, do programa "No Limite", a Rede Globo entra em uma nova onda mundial de programas que bisbilhotam o comportamento de pessoas em situações críticas.
A Rede CBS produziu nos EUA dois programas nesse estilo, o "Survivor" e o "Big Brother" -sendo que, apenas pelos direitos de utilização do formato deste último, criado pela produtora holandesa Endemol, pagou US$ 20 milhões.
A Globo, para evitar o pagamento de direitos, nega que "No Limite" copie algum formato estrangeiro. "Não copiamos os norte-americanos. Só seguimos a tendência mundial de fazer programas desse estilo", afirma José Bonifácio de Oliveira, o Boninho, diretor da atração.
Mas as semelhanças com o "Survivor" são muitas. No programa norte-americano, dois grupos nomeados com um jargão indígena, contando com oito pessoas cada, são colocados em uma ilha deserta, enfrentando condições pouco aprazíveis.
Para completar, se enfrentam em uma gincana. A cada episódio, uma pessoa do grupo que perde a etapa da gincana deve sair. No fim, só sobrará um, que ganhará o prêmio de US$ 1 milhão.
Na versão da Globo, que será apresentada por Zeca Camargo, em vez de 16 pessoas serem jogadas em uma ilha, 12 são deixadas em uma praia deserta no Ceará. Os nomes das tribos, Tagi e Pagong na versão norte-americana, são Kuaray e Jaxi (Sol e Lua, respectivamente, em Guarani).
"No Limite" será exibido semanalmente, até o dia 3 ou 10 de setembro. A data do programa final pode variar em função do que for acontecendo durante a competição, porque a quantidade de candidatos que irão saindo pode ser maior do que o esperado. As gravações começaram no último dia 11, no Ceará.
Nesse dia, os 12 participantes chegaram ao local carregando apenas as roupas do corpo e uma bolsa na qual podem ser colocadas apenas outras roupas.
Foi proibido levar objetos como fósforos, canivetes, armas de fogo, relógios e rádios. Mas a produção permitiu a cada participante levar um objeto que serviria como um amuleto da sorte, desde que, é claro, não fosse um dos utensílios proibidos pelo regulamento. A idéia de levar esse amuleto, aliás, também existe no programa original.
Os participantes foram recrutados secretamente por uma equipe de produtores nos últimos três meses. "Nós praticamente pegávamos as pessoas na rua e perguntávamos a elas: "você passaria três meses em uma ilha deserta?" Quem dizia não era eliminado", conta Camargo.
Segundo ele, foram entrevistadas mais de mil pessoas e, nesse processo, o programa chegou a 24 finalistas. "As pessoas escolhidas têm um grande espírito de aventura. Elas toparam as nossas propostas sem saber nem que prêmio ganhariam", afirma o apresentador.
O prêmio, aliás, é outra diferença crucial entre os programa brasileiro e o norte-americano. A versão da Globo distribuirá R$ 700 mil em prêmios, R$ 300 mil para o ganhador, contra o US$ 1 milhão prometido a quem vencer o desafio de "Survivor".

Voyeurismo
O formato voyeurístico de "No Limite" é comparado por Camargo e Boninho ao dos documentários da National Geographic.
"Vamos fazer da mesma forma que aqueles programas em que se observam bichos. Nossas equipes vão ficar quietas, neutras, observando tudo o que eles fazem, sem interromper nada", compara o apresentador.
Para isso, a equipe de produção mobilizou dez equipes de gravação, com equipamentos especiais, mais leves e resistentes à maresia e ao calor. Essas equipes se revezarão para garantir que tudo o que for feito pelos participantes será documentado 24 horas por dia.
Enquanto bisbilhota o que farão os participantes, a principal expectativa de Camargo é saber como funcionará a política de "No Limite".
"O interessante é ver os conchavos que serão feitos ao longo do jogo. Cada competidor tem de cativar seus companheiros e conseguir a simpatia do público, porque o voto final, quando sobrarem apenas dois, será interativo, feito pelo público em casa", analisa.
É verdade. No "Survivor", por exemplo, a competidora Gretchen Cordy, que era a preferida do público, foi eliminada por uma aliança feita entre outros quatro competidores.
"Claro que eu votei pela saída dela. Gretchen era uma ameaça para nós", afirmou o competidor Richard Hatch.



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