São Paulo, domingo, 24 de maio de 1998

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Exército boicotou série, diz autor

da Reportagem Local

O autor do livro "Hilda Furacão", Roberto Drummond, 59, afirma que a produção da minissérie foi boicotada pelo comando do Exército no Estado de Minas Gerais.
Segundo Drummond, que intercedeu pessoalmente junto à divisão militar de Minas, em favor da produção da série, todos os seus pedidos foram negados.
Para retratar a época e o contexto histórico, o diretor de "Hilda", Wolf Maya, queria colocar tanques de guerra nas ruas, como ocorreu em 1964.
Os armamentos e outros objetos, no entanto, foram negados pelo Exército.
"A resposta que eu obtive de um general foi: "Você escreve uma minissérie sobre uma prostituta e sobre um padre que trai seus juramentos e quer envolver as Forças Armadas?'"
O autor não soube precisar o nome do oficial que lhe negou os objetos.
Drummond, que militou durante o período histórico retratado em "Hilda Furacão", disse que se sentiu "voltando aos tempos do regime militar".
"O general tinha um resumo do livro e me perguntou por que frei Malthus não se encontrava com Hilda, no fim da história", relata.
"Eu respondi que o Malthus tinha sido preso por subversão. Ele retrucou: "Mas aqui em Minas ninguém foi preso por subversão'", conta o autor.
A Folha procurou o Centro de Comunicação Social do Exército, em Brasília, que disse não ter recebido nenhum pedido oficial da produção da minissérie.
(RUI DANTAS)



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