São Paulo, Domingo, 24 de Outubro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INFANTIS

Emissoras disputam talentos mirins


"Gente Inocente", da Globo, e "Pequenos Brilhantes", do SBT, caçam modelos, atores e cantores com menos de 10 anos

ALEXANDRE MARON
da Sucursal do Rio

A Globo está lançando o "Gente Inocente", a Record já exibe o "Programa Raul Gil", e o SBT estréia, em novembro, o "Pequenos Brilhantes". Como todas essas atrações exibem crianças que são selecionadas nas mesmas agências de modelos e atores mirins, os apresentadores e diretores dos programas crêem que, em breve, haverá uma falta de artistas.
As atrações de Globo e SBT mostrarão crianças artistas que cantam, dançam e fazem outros números como se fossem adultos. O motivo de tanta semelhança é o diretor Wilton Franco. Ele desenvolveu uma versão modernizada do programa que já fizera na TV Excelsior nos anos 70 para a Globo, se desentendeu com a emissora e foi para o SBT fazer uma atração igual (leia texto ao lado).
Mas foi Raul Gil quem, de certa forma, ressuscitou a moda das crianças artistas e a trouxe para as tardes de sábado quando lançou concursos em que crianças imitavam a Tiazinha e as dançarinas do grupo É o Tchan!.
Moacyr Franco, que apresentará o "Pequenos Brilhantes", acha que haverá problemas. O "Gente Inocente", que estreou ontem, tem um elenco fixo de 21 crianças e está selecionando artistas infantis. O do programa do SBT será menor, terá de seis a oito crianças.
É de se esperar que as produções dos dois programas disputem crianças. "É uma concorrência problemática. Nós oferecemos R$ 1.500, e eles (a Globo) pagam R$ 10.000", diz Franco.
Um bom exemplo é o menino Matheus Tayore, que faz parte do elenco da nova atração da Globo. Ele participou do programa de Raul Gil. "Devem aparecer outros dos meus meninos por lá", diz o apresentador.
O diretor Wilton Franco confirma o problema. Ele conta que, nos testes que está fazendo para a nova atração, tem reencontrado algumas crianças não aproveitadas durante a seleção que fez quando ainda desenvolvia o programa para a Globo.
Mas Franco diz que não se preocupa muito com essa concorrência. O diretor afirma que vão acabar sobrando crianças para o seu programa. "Pelo que vi na Globo, algumas crianças não vão render todo o potencial com eles, que vão dispensá-las. Será ótimo, porque aí eu as contrato", afirma.
Raul Gil concorda com Wilton Franco. Ele acha que o padrão Globo fará algumas crianças não serem bem aproveitadas. "O Matheus Tayore é uma graça, mas não rende com todo mundo. Ele não vai funcionar tão bem na Globo. Eles não têm o meu jeito com as crianças", gaba-se.
Pode ser verdade. Para Moacyr Franco, de "Pequenos Brilhantes", gravar com crianças é uma tarefa difícil. "Fico muito cansado. Você precisa se concentrar mais, porque as crianças devem ser tratadas com carinho. Quem as adora é o Wilton", confessa.
Uma outra característica dos novos programas é que são infantis feitos para adultos. O roteirista de "Gente Inocente", Mauro Wilson, confirma o rótulo. "É natural e esperado que os adultos se encantem com as coisas incríveis que essas crianças fazem."
Moacyr Franco afirma que não faz programa para adultos, faz "programa bom". "Procuramos algo edificante, o que não estão fazendo com as crianças ultimamente", afirma.
É a mesma opinião de Wilton Franco. Ele diz que não aguenta mais ver crianças cantando sempre as mesmas músicas. "Todas elas vêm com pagode, axé e querem imitar o É o Tchan!. Minha tática é dar um disco de MPB e pedir à criança que decore uma música e volte dois dias depois."
O bloco de atrações com estrelas mirins será engrossado quando a menina Thaís Pina, revelada no "Fábio Jr. - Sem Limites Pra Sonhar", conseguir pôr no ar seu programa-solo. Esse é um dos planos da Rede Record.








Texto Anterior: Baú na TV: "Acústico" revela raridades da Legião
Próximo Texto: Wilton Franco quer rostos novos na TV
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.