São Paulo, Domingo, 25 de Abril de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Novela é feita de beijos", diz Marinho

da Reportagem Local

O autor de "Andando nas Nuvens", Euclydes Marinho, afirmou à Folha que está satisfeito com os resultados medianos de sua novela. A seguir, trechos da entrevista. (PD)

Folha - Você está sendo cobrado por causa da audiência?
Euclydes Marinho
- A Globo não está fazendo exigências. Pelo contrário, só recebo apoio. O que acontece, segundo eles mesmos, é que a emissora não tem mais aquela predominância. Não há uma crise como houve em outras novelas. O ibope está estável.
Folha - Mas a novela está bem abaixo do "trilho".
Marinho
- Acho que a audiência da Globo nunca mais será a mesma. O controle remoto é terrível. Esse trilho histórico deve ser revisto.
Folha - Você não quer que a novela estoure?
Marinho -
Não estou procurando o estouro. Não dá para trabalhar assim. Essa fórmula nem o Spielberg tem. Tudo bem ser mediano. Mas acho que a Globo tem um problema específico em São Paulo. Sempre teve. No resto do Brasil a novela vai bem. Agora, como São Paulo é o maior mercado consumidor, o maior anunciante, é o que mais importa.
Folha - Esse é um bom motivo para a emissora ficar preocupada, não?
Marinho
- A concorrência não abala comercialmente a Globo. Ela está perdendo audiência para programas muito vagabundos. Não estou dizendo que as novelas são boas, mas o Ratinho é lamentável.
Folha - Como a concorrência afeta seu trabalho?
Marinho
- Não tenho como competir com o "Cidade Alerta" (Record) ou as "Chiquititas" (SBT). Eu não quero apelar. Fazer uma novela infantil significa perder o público adulto. Minha novela tem um público maior, anônimo. É preciso escrever de forma a atingir a maioria.
Folha - Como está a resposta dos grupos de pesquisa?
Marinho
- Quem vê a novela gosta. Só que tem pouca gente vendo. Esse é um problema mais amplo, mais geral. Mudou o Brasil, mudou o perfil do espectador
Folha - A emissora já deu sinais de que está se popularizando, tentando conquistar esse novo público...
Marinho
- Sim, mas a mim ainda não chegou nada. Faço algo que tem a ver com a minha cara, com tudo que eu fiz. Não é uma excrescência.
Folha - Você acha que há chances de isso mudar?
Marinho
- Com o nível de exigência mais rasteiro, pode ser que amanhã me peçam para apelar. Se me pedirem, tenho de apelar. Tenho um contrato e a novela é deles. Enquanto isso não acontece, vou fazendo meu trabalho. Acho que a novela tem suas qualidades, sem muita pretensão. É só mais uma novela.
Folha - Haverá mudanças para breve?
Marinho
- O personagem do Marco Nanini (Otávio Montana), que passa por uma fase pesada, já que está sofrendo, se tornará mais leve. Vou esquentar o romance entre o Chico (Marcos Palmeira) e a Júlia (Débora Bloch). É o que as telespectadoras mais gostam. Novela é basicamente feita de beijos.


Texto Anterior: Caindo das nuvens
Próximo Texto: "Pecado" não deve repetir fim do original
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.