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"Novela é feita de beijos", diz Marinho
da Reportagem Local
O autor de "Andando nas
Nuvens", Euclydes Marinho,
afirmou à Folha que está satisfeito com os resultados medianos de sua novela. A seguir, trechos da entrevista.
(PD)
Folha - Você está sendo cobrado por causa da audiência?
Euclydes Marinho - A Globo não está fazendo exigências. Pelo contrário, só recebo
apoio. O que acontece, segundo eles mesmos, é que a emissora não tem mais aquela predominância. Não há uma crise
como houve em outras novelas. O ibope está estável.
Folha - Mas a novela está
bem abaixo do "trilho".
Marinho - Acho que a audiência da Globo nunca mais
será a mesma. O controle remoto é terrível. Esse trilho histórico deve ser revisto.
Folha - Você não quer que a
novela estoure?
Marinho - Não estou procurando o estouro. Não dá para trabalhar assim. Essa fórmula nem o Spielberg tem.
Tudo bem ser mediano. Mas
acho que a Globo tem um problema específico em São Paulo. Sempre teve. No resto do
Brasil a novela vai bem. Agora, como São Paulo é o maior
mercado consumidor, o
maior anunciante, é o que
mais importa.
Folha - Esse é um bom motivo para a emissora ficar preocupada, não?
Marinho - A concorrência
não abala comercialmente a
Globo. Ela está perdendo audiência para programas muito
vagabundos. Não estou dizendo que as novelas são boas,
mas o Ratinho é lamentável.
Folha - Como a concorrência
afeta seu trabalho?
Marinho - Não tenho como
competir com o "Cidade
Alerta" (Record) ou as "Chiquititas" (SBT). Eu não quero
apelar. Fazer uma novela infantil significa perder o público adulto. Minha novela tem
um público maior, anônimo.
É preciso escrever de forma a
atingir a maioria.
Folha - Como está a resposta
dos grupos de pesquisa?
Marinho - Quem vê a novela gosta. Só que tem pouca
gente vendo. Esse é um problema mais amplo, mais geral.
Mudou o Brasil, mudou o perfil do espectador
Folha - A emissora já deu sinais de que está se popularizando, tentando conquistar
esse novo público...
Marinho - Sim, mas a mim
ainda não chegou nada. Faço
algo que tem a ver com a minha cara, com tudo que eu fiz.
Não é uma excrescência.
Folha - Você acha que há
chances de isso mudar?
Marinho - Com o nível de
exigência mais rasteiro, pode
ser que amanhã me peçam para apelar. Se me pedirem, tenho de apelar. Tenho um contrato e a novela é deles. Enquanto isso não acontece,
vou fazendo meu trabalho.
Acho que a novela tem suas
qualidades, sem muita pretensão. É só mais uma novela.
Folha - Haverá mudanças
para breve?
Marinho - O personagem do Marco Nanini
(Otávio Montana), que
passa por uma fase pesada,
já que está sofrendo, se tornará mais leve. Vou esquentar o romance entre o
Chico (Marcos Palmeira) e
a Júlia (Débora Bloch). É o
que as telespectadoras
mais gostam. Novela é basicamente feita de beijos.
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