São Paulo, domingo, 25 de junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA EM CARTOON
VMB 2000 terá categoria só para os clipes de animação


MTV cria prêmio exclusivo para clipes em que as bandas de carne e osso cedem espaço a personagens de desenho animado


DA REPORTAGEM LOCAL

CLIPES que podem custar até inacreditáveis R$ 41 e que não precisam necessariamente lidar com o estrelismo de astros pop. Assim são os vídeos de animação, tendência crescente no país que ganhou até uma categoria própria no Video Music Brasil deste ano, que acontece em agosto.
São cinco indicados ao prêmio. Dois deles usam 100% de animação. Os demais misturam cenas com os grupos e trechos de desenho. O diretor Diego de Godoy, autor de "O Vagabundo", da banda Maria do Relento, diz ter buscado uma alternativa criativa para fazer com que o grupo contracenasse com os bonecos Ken e Barbie, que "atuam" no vídeo.
"Como tínhamos uma verba irrisória, de R$ 7.000, e só dois dias de filmagem, buscamos uma saída chamativa e econômica. Assim, fiz os integrantes do Maria do Relento interpretarem vizinhos mal-humorados que reclamam de uma festa no andar de cima, cujos convidados são bonecos", conta Godoy.
A tal festa é do tipo "liberou geral". Há jogatina, excessos alcóolicos e sexo no corredor. Cenas que ninguém imaginaria protagonizadas pelos bem-comportados Barbie e Ken. No final, a polícia chega, estragando a bacanal dos bonecos. A animação é intencionalmente tosca, conta Godoy. "Os bonecos foram manuseados por buracos cavados no chão."
Os demais concorrentes ao VMB usam técnicas variadas. Outro vídeo constituído só de animações, "Suellen", do Flu (projeto eletrônico de Flávio Santos, ex-De Falla), traz um desenho "trash", visivelmente inspirado no traço de Robert Crumb. A animação segue os passos de Suellen, uma gordinha cheia de espinhas que, a despeito de sua aparência, alcança status de top model, chegando às passarelas e às capas de revistas de moda.
"Criei tudo em casa. Fábio Zimbres (cartunista da Folha) fez o cenário de graça, desenhei tudo à mão, escaneei, colori e animei em meu computador. De gastos, só tive R$ 41, o preço de uma fita Beta", diz Allan Sieber, diretor do vídeo, que atualmente prepara uma animação para ser negociada com canais por assinatura, o "Negão Bola Oito Talk Show".
Recursos simples também foram a tônica no clipe "Na Dúvida, Atire", do grupo Radar Tantã. O diretor é o cantor da banda, César Maurício. Para a animação, que ocupa a metade do vídeo, ele usou lápis comum e coloriu em computador, com o programa Photoshop.
O diretor e artista plástico Sylvain Barré, autor de "O Que Aconteceu com Nosso Amor", com a cantora Andrea Marquee, utilizou técnicas mistas. Filmou a cantora para, depois, pintar sobre sua imagem com o software Painter. Em outros trechos, usou animação em 3D, tudo criado em computador. Mas as imagens parecem aquarelas feitas à mão. Atualmente, Barré prepara uma vinheta para a MTV, cujo tema remeterá à Olimpíada de Sydney. (BRUNO GARCEZ)



Texto Anterior: "Ilha Rá-Tim-Bum" educa com ecoaventura
Próximo Texto: Clipe de 5 minutos do Charlie Brown Jr. foi feito em 2 meses
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.