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Antônio Fagundes e Stênio Garcia vão gravar a nova versão da série "Carga Pesada", que deve estrear na Rede Globo em abril
Dupla da pesada
SIMONE MAGALHÃES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O PRIMEIRO frete já está fechado:
em fevereiro, os caminhoneiros Pedro e Bino vão colocar o pé na estrada
novamente, fazendo a rota Paraná-Pará.
Depois de um intervalo de 22 anos, os
personagens de Antônio Fagundes e Stênio Garcia no seriado "Carga Pesada",
exibido pela Globo entre 1979 e 1981, voltam à boléia do caminhão para gravar
um reencontro emocionado.
Pequeno empresário, dono de três caminhões, Bino (Stênio) aguarda o resultado da biópsia de um tumor que pode
ser maligno. O medo da morte o leva a
convidar Pedro (Fagundes), seu sócio
em um dos caminhões e ainda carreteiro, para uma última viagem pelo Brasil.
Por enquanto, o programa terá apenas
quatro episódios, que vão ao ar em abril,
após o "Casseta & Planeta, Urgente!".
Mas um bom índice de audiência garantirá uma vaguinha na programação da
emissora a partir de junho.
Antônio Fagundes, 53, diz que não vê a
hora de voltar às aventuras da série. "É
um programa maravilhoso, que fala do
nosso povo, com uma linguagem essencialmente brasileira. Por mim, nunca teria saído do ar. Fiz grandes personagens
na TV, mas o Pedro era especial."
A identificação com Pedro e Bino era
tanta que, dos 54 episódios apresentados, 12 foram escritos pela dupla de atores. "Não pretendemos escrever mais, há
um grupo de autores para isso. Mas, se tivermos uma história boa, podemos contribuir", diz Fagundes.
Fama Tão entusiasmado quanto o colega, Stênio Garcia, 69, conta que até hoje
é chamado de Bino nas ruas e ganha dinheiro com o personagem: "Faço três,
quatro comerciais por ano e sou requisitado para inaugurações de consórcios de
caminhões e eventos relacionados a produtos automotivos".
Ele acredita que a maior contribuição
de "Carga Pesada" foi revelar à sociedade
brasileira uma classe praticamente desconhecida. "Acho que o seriado sempre
teve uma função social, mostrando a necessidade de uma vida melhor para esses
homens que transportam nossa comida
e nossas roupas", afirma.
"Procuro me informar sobre tudo o
que está acontecendo pelas estradas. Os
problemas continuam os mesmos, mas a
violência aumentou. Agora, nas emboscadas são usadas armas mais poderosas", diz Stênio.
Fagundes completa: "Infelizmente, o
Brasil não mudou muito. As estradas
não melhoraram, as condições de trabalho também não. O que melhorou foi a
tecnologia usada nos caminhões".
Caso o seriado emplaque, velhos e novos problemas serão abordados, como o
aumento de doenças sexualmente transmissíveis, principalmente aids e sífilis,
entre os caminhoneiros.
Embora o início das gravações esteja
próximo, a dupla ainda não sabe como
será o visual 2003 de Pedro e Bino, mas
acredita que os cabelos brancos e os quilinhos a mais não serão escondidos.
"O tempo passou e as coisas têm que
mudar. Estou com quase 70 anos e não
vou correr para pegar carga com o caminhão em movimento, como fazia. Mas o
Pedro continua aquele tipo charmoso,
que atrai a mulherada", brinca Stênio.
Os quatro episódios, com cerca de 40
minutos de duração, terão muita emoção, romance, ação e beleza, diz Roberto
Naar, diretor ao lado de Marcos Paulo.
"Nosso grande desejo é fazer com que
o País se veja na televisão. Que o povo
não só se identifique como tenha um painel do Brasil por inteiro", afirma Naar,
que confessa ter sido fã das aventuras de
Pedro e Bino na adolescência.
Aos 74 anos e com dez pontes de safena, o diretor-geral da primeira fase, Gonzaga Blota, se lembra bem daquela época. "Enfrentamos muitas dificuldades.
Não tínhamos esse aparato técnico moderno. Precisávamos gravar e assistir na
hora para saber se a cena tinha valido ou
não."
Ary Coslov, que estreou como diretor
na série, observa que ela inovou em vários aspectos. "O formato e a linguagem
eram diferentes, testamos a câmera acoplada do lado de fora da cabine do caminhão e deu muito certo, descobrimos
uma infinidade de usos para a recém-chegada câmera portátil... Foi uma escola e tanto", afirma.
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