JOSÉ AGUIAR
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O PICA-PAU está em alta. Nas bancas do país, pode ser encontrado o DVD "Pica-Pau e Sua Turma". Encartado na revista "DVD Kids", traz uma amostra da evolução do personagem. E, no próximo sábado, das 11h às 14h30, o canal pago Fox Kids exibe uma maratona de desenhos do personagem de caráter dúbio e atitudes nada construtivas.

Mas é nessas particularidades que reside o charme do personagem, que hoje é até comportado em comparação com o início, em 1940, quando, nascido coadjuvante, ofuscou o protagonista.
Foi no episódio "Knock-Knock", das aventuras do urso Andy Panda, que o passarinho topetudo começou a roubar a cena. O sucesso convenceu seu criador, Walter Lantz, a lançar uma série estrelada por ele, em 1941.
No primeiro curta ("Cracked Nut"), os animais da floresta o mandam a um psiquiatra, que enlouquece em suas mãos. Numa época em que os desenhos não eram vistos como um produto voltado às crianças, valiam todas as armas possíveis para seduzir o público adulto. Daí o jeito malandro e nada edificante dos desenhos de antigamente.
No início, o Pica-Pau era um completo demente, estrábico e com um olho de cada cor. Sua feição e seu corpo variavam de acordo com a necessidade. Num momento, era minúsculo; no outro, tinha o mesmo tamanho dos demais personagens. Enfim, maluco desde o traço, infernizava as vidas de Leôncio, Zé Jacaré e Zeca Urubu, entre outros.
Com o tempo, ele foi amansando e seu visual ficou mais comportado. Em sua fase "calma" (a menos criativa) chegou até a ganhar sobrinhos. No original, quem deu voz à inimitável risada do passarinho foi Mel Blanc, dublador do também nada correto Pernalonga.
Foram quase 200 desenhos até 1972. Nova safra, somente em 1998, quando se tentou que voltasse às origens dementes.
No DVD, fica clara a divisão dessas fases em seis episódios. Além disso, para as crianças, há um divertido jogo de perguntas sobre os desenhos.