BRUNO GARCEZ

A MÁXIMA que Glauber Rocha aplicou aos filmes que dirigiu, "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça", também norteou o programa jornalístico "Abertura", que a extinta Tupi exibiu em 79. Na atração, Glauber tinha um quadro só para si, em que dirigia e "atuava".
Nele, com sua costumeira figura algo desleixada, barba por fazer e camisa aberta, comandava entrevistas, mandava recados para ministros e causou perplexidade ao elogiar o então presidente Figueiredo.
O programa, dirigido por Fernando Barbosa Lima, retratava o momento de abertura política que o país começa a viver, com a volta dos exilados políticos, que regressavam ao país e às TVs após longos anos.
A atração contava também com nomes como Ziraldo, o jornalista Newton Carlos, os comentários ácidos de João Saldanha, entrevistas memoráveis, como uma em que Pedro Nava dizia sobre a ABL: "Como se diz em Minas, ela lá, eu cá", e depoimentos surpreendentes, como o do então político do PDS Moreira Franco, que fez elogios entusiastas a Luís Inácio Lula da Silva. A irreverência-mor, no entanto, ficava mesmo a cargo de Glauber.


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