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ENTREVISTA JOSÉ MAYER
"Como ator, gosto de transgredir"
Depois de viver o galã Pedro, que se envolveu
com quatro mulheres em "Laços de Família"
-entre elas a adolescente vivida por Deborah Secco-, José Mayer volta à tela como
mais um sedutor. Será Nando, um arquiteto
em crise que vive uma paixão com uma
garota de 17 anos. Apesar de negar a semelhança entre os dois personagens, ele não esconde que gosta de interpretar o "macho
que chama atenção das mulheres".
DA REPORTAGEM LOCAL
Assim como em "Laços de Família", você
mais uma vez interpretará um homem sedutor, que enlouquece as personagens femininas da trama...
Na verdade, só a mulher do meu personagem, Nando, e a Anita é que se apaixonam por ele. Mas é bem diferente de "Laços", em que meu personagem, o Pedro,
estava mais definido naquela situação, e
as mulheres estavam à sua mercê. Na minissérie, Nando tem uma visão de mundo não concluída. Daí talvez venha a insatisfação dele, que é insatisfeito na família, no trabalho, no afeto, e isso faz com
que fique mais vulnerável, mais exposto
à influência feminina. E é arrebatado por
uma paixão. O que ele tem a ver com o
Pedro é o fato de ser macho e chamar a
atenção das mulheres.
Você gosta de fazer esse tipo?
Gosto, personagens assim costumam
ser interessantes. Trabalham o romance,
que é o que mais atinge o coração do telespectador.
Você acha que o público vai confundir
Nando e Lúcia Helena com Pedro e Cínthia, já que em ambos os casais você faz
par com Helena Ranaldi?
De fato, há uma série de semelhanças
com "Laços de Família": é o mesmo autor, Manoel Carlos, o mesmo diretor, Ricardo Waddington, a mesma atriz. Mas
não há nenhuma chance de o público
confundir os dois casais. São universos
totalmente diferentes, os personagens
são totalmente diferentes, até se vestem
de maneira diferente.
Outra semelhança entre suas atuações é
o fato de se envolver com mulheres bem
mais novas: com Deborah Secco, em "Laços de Família", e agora com Mel Lisboa,
que na minissérie tem 17 anos. Para você,
há algum problema nisso?
A personagem tem 17, mas a atriz tem
19 anos. Acalme o Siro Darlan [juiz da da
1ª Vara da Infância e da Adolescência do
Rio]. [Risos]. Acho ótimo contracenar
com uma atriz jovem, que pode se revelar uma grande surpresa.
Por falar no juiz, as cenas de sexo que
você viveu em "Laços de Família" renderam problemas com a Justiça e críticas à
novela. Em "Presença de Anita", o clima
"caliente" volta a rondar seu personagem. Haverá cuidado para evitar os mesmos problemas? Você se sente à vontade
nesse tipo de cena?
Não há nenhum problema, ao contrário, eu, como ator, gosto de transgredir.
Acho ótimo correr riscos, de toda espécie. A minha vida pessoal é que é uma vida quieta; na minha vida artística, convém que eu corra um certo perigo.
O livro de Mário Donato, na época em
que foi publicado, em 1948, causou muita
polêmica. Apesar de ter passado muito
tempo, você acha que a minissérie também pode vir a causar polêmica?
Acho que o Ricardo Waddington é um
diretor muito criterioso, e o Manoel também não é um autor que chame a atenção
do público através de truques, escândalos e esse tipo de polêmica. A minissérie
certamente não vai criar polêmica. O livro chocou tanto porque foi publicado
em 1948, uma época moralista, traumatizada, muito presa. Hoje, a aceitação vai
ser completamente diferente.
Você também havia sido escalado para
atuar em "O Clone" [próxima novela das
oito da Globo]. Por que preferiu participar de "Presença de Anita"?
Fui convidado primeiro para fazer a
minissérie, que já era um projeto antigo,
existia desde a época de "Laços". Mas
minha recusa em fazer "O Clone" tem a
ver com a impossibilidade de emendar
duas novelas. Novela é uma obra muito
pesada, cansativa, não faria novela nenhuma agora, mesmo que o Manoel
Carlos fosse escrever uma.
No final de 99, você também se viu disputado por diferentes autores: Benedito
Ruy Barbosa, Ana Maria Moretzsohn e
Manoel Carlos. Depois de ter sido convidado para integrar o elenco de "Terra
Nostra" e de "Esplendor", você também
optou por aceitar o convite de Manoel
Carlos, para "Laços de Família". Por que
as escolhas? Como é trabalhar com Manoel Carlos?
Gosto muito do Maneco, já é meu terceiro trabalho com ele. Ele é nosso grande teledramaturgo, é o mais cheio de humanidade, é aquele em quem os espectadores mais conseguem se reconhecer.
A novela de Manoel Carlos é um referencial de vida para o telespectador. E
aceitei o papel em "Laços" porque ele
começou a escrever a novela em cima de
um triângulo: Tony Ramos, Vera Fischer e eu. Fico muito lisonjeado de já estar na nascente de um projeto.
Você já foi fumante, parou de fumar e,
na minissérie, seu personagem fuma. É
difícil para você?
Na verdade, nem foi na minissérie que
eu voltei a fumar. Larguei o cigarro no final de 99. Aí filmei "Bufo & Spallanzani", do Flávio Tambelini, e tive de voltar
a fumar para o filme, mas não voltei a fumar fora das gravações. Depois, fiz a peça "Mais Perto", na qual voltei a fumar
de novo. Mas eu controlo bem, não sou
um tabagista, sempre fui bem light em
matéria de tabaco. Não é difícil para
mim fumar em cena e depois parar.
(CLÁUDIA CROITOR)
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