São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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ESCOLA VIRTUAL
Com o auxílio da Internet, emissora pretende exibir na madrugada maratona de atrações voltadas para estudantes de diversos níveis
Cultura exibirá 12 horas de programação educativa

BRUNO GARCEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A PARTIR de março do ano que vem, a TV Cultura irá instituir a "universidade da madrugada". O termo, cunhado e até registrado por Jorge da Cunha Lima, presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da emissora, se refere à programação educativa que a Cultura pretende pôr em prática em 2001.
"A educação à distância é hoje viável por meio da integração TV-Internet. O aluno assiste à aula pela TV, revê as lições pela rede e pode tirar dúvidas por meio de um chat com os professores. Queremos uma programação assim que tenha início à 0h e vá até as 12h, oferecendo não apenas lições para vestibulandos, mas também cursos de reciclagem e aulas para secundaristas e estudantes do primário", afirma Cunha Lima.
Essa programação seria um desdobramento do que já vem sendo colocado em prática no "Vestibulando Digital", que, atualmente, vai ao ar à 1h. A opção por exibir a "universidade" após a 0h se deu, segundo Cunha Lima, por ser esse o horário que vem tendo melhor aceitação dos estudantes.
A Cultura reserva outras estréias para março. Nesse mês, a emissora quer ampliar o que Cunha Lima chama de "redação de helicóptero". "É mais barato levar um repórter a percorrer de helicóptero cidades próximas a São Paulo, como Americana, Limeira e Piracicaba, relatando o que houver por lá e enviando as imagens para a ilha de edição, do que montar uma sucursal nesses locais", diz.
Atualmente, o "Diário Paulista", que noticia fatos da capital e do interior de São Paulo, já traz reportagens nesse formato. "Queremos ampliar essa prática. Assim, o repórter terá de ser mais ágil, quem sabe até manuseando a câmera, como os antigos repórteres-abelha, mas numa versão mais moderna."
Devem entrar no ar ainda os documentários que a emissora pretende adquirir da RM Associates, produtora que fornece muitos dos títulos exibidos pela BBC e o Channel 4 ingleses. Outra estréia, ainda não confirmada nessa data, seria a de peças teatrais filmadas, mas que fugissem ao estilo dos antigos teleteatros.
"O formato do antigo "Teleteatro Tupi", por exemplo, não é mais viável, com a câmera fixa no rosto dos atores. Teria de ser algo diferente, com imagens em movimento. A idéia é pegar peças que estejam em final de temporada tanto no Rio como em São Paulo, mas com uma linguagem menos paradona, usar a tecnologia de captação da TV. Para isso, só está faltando um pouco de dinheiro", diz.
A já tradicional revista "Metrópolis", com mais de 12 anos de existência, também deve passar por uma reformulação. "O risco é fazer divulgação, como as outras TVs fazem, de produtos consagrados do mercado comercial da arte. O consagrado é importante, mas temos que dar valores não consagrados e ligados à identidade cultural brasileira, numa hora em que a predominância da produção massificada é muito forte."
A reformulação na grade da Cultura, que teve início em agosto, é resultado de pesquisas qualitativas comandadas pelos sociólogo Carlos Novaes. Segundo Cunha Lima, elas diferem das pesquisas do Ibope porque não se limitam a medir o índice de audiência, mas sim o perfil do público que assiste à emissora.
"O "RG" é um filho dessa pesquisa, feita com todas as classes sociais e em todos as atrações da grade. Avaliamos que o público queria um equilíbrio de música e idéias. Surgiu o programa."
Outra vertente que a Cultura continuará a investir é na realização de co-produções como o infanto-juvenil "Sãos e Salvos" e o esportivo "Movix". "Queremos ampliar o espaço destinado a essas produções, mas sempre buscando atrações que não subestimem a inteligência do público", diz Cunha Lima.



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