FERNANDA DANNEMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

EM PLENA ascensão gospel -excursionava pelos EUA com seu disco evangélico "Agora Sou Feliz"-, Wanderley Cardoso, 58, foi convidado em janeiro para atuar numa novela. O diretor do Núcleo de Teledramaturgia do SBT, David Grimberg, seu amigo desde os primórdios de "Os Trapalhões", na Excelsior, quando o cantor fazia graça com Renato Aragão, Ted Boy Marino e Ivon Cury, o convocou para o elenco de "Jamais Te Esquecerei", que substituirá "Pequena Travessa" a partir de 14 de abril.
"Já fiz muito humor na TV. Agora, com um personagem misterioso e nada cômico, a coisa é bem diferente", diz ele.
Seu personagem, Adamastor, é um andarilho ex-alcoólatra que, aos poucos, mostrará seus dotes vocais. Também será um ombro amigo para Açucena (Vera Zimmerman), proprietária do bar onde ele trabalhará como garçom.
"No começo das gravações, eu tremia feito vara verde. Embolei o texto porque não conhecia o personagem. Como ele tem sotaque de caipira, fiz laboratório em casa, já que a minha mulher fala como o pessoal do interior", diz ele, às risadas. "Mas vou cantar sem sotaque."
Wanderley cantará na novela um repertório romântico que inclui "Alma Gêmea", de Fábio Jr. e "Como Vai Você?", de Antônio Marcos. Com a agenda lotada de shows, teve que desmarcar mais de 30 apresentações para atuar.
"Vale a pena, porque novela é divulgação. A mídia vai esquecendo da gente", diz ele, que, após enfrentar a depressão e uma tentativa de suicídio, elevou a audiência do "Programa do Ratinho" no ano passado, quando foi homenageado pelo SBT. "O Ratinho até ganhou da Globo na audiência", diz.
Feliz com o papel na novela -para o qual Moacyr Franco também foi cogitado-, Wanderley está de olho na crítica. "Na hora de gravar, em 90% das vezes acerto de primeira, mas me dou o direito de errar. Digo aos diretores: "se estiver ruim, pelo amor de Deus, me avisem". Só não quero ser chamado de canastrão."


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