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São Paulo, domingo, 30 de março de 2003

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DISQUE-DENÚNCIA

Funcionários ofendidos têm canal aberto para fazer queixas

Globo quer reduzir crises entre diretores e equipes

CRISTINA RIGITANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O AUTORITARISMO de alguns diretores de programas da Rede Globo pode ser combatido. Funcionários ofendidos por seus chefes recebem orientação do departamento de Recursos Humanos da emissora -o ramal foi apelidado de "Disque-Denúncia".

Entre os que foram alvos de queixas, segundo apuração feita pela Folha, estão diretores de núcleo como Roberto Talma, de "Agora É que São Elas", e Daniel Filho (atualmente na Globo Filmes). Wolf Maia, responsável pela próxima novela das 19h, "Kubanacan", e Roberto Naar, diretor de "O Beijo do Vampiro", também já teriam sido "denunciados".
Maia teria destratado uma continuista. "Ele continua tocando o maior terror. A gente têm que andar pisando em ovos", diz um funcionário.
O diretor nega. "Isso nunca existiu. Jamais houve queixa contra mim", afirma Maia, que diz apoiar a iniciativa da emissora: "O departamento de Recursos Humanos tem obtido resultados práticos".
Naar teria gritado e chamado de incompetente uma cabeleireira por causa de uma peruca. "Não me lembro. Tenho bom relacionamento com a minha equipe, amigável e familiar. Estou amadurecendo, todo mundo amadurece", diz ele.
Na ocasião, o diretor teria sido repreendido pelo responsável por seu núcleo, Jorge Fernando. Depois, segundo membros da equipe, ficou mais calmo.
Jorge Fernando não quis comentar o caso, mas confirmou que, quando é necessário, passa alguns corretivos.
"Converso para que não haja autoritarismo, que pode comprometer o trabalho. Acho ótimo as empresas se preocuparem com o ser humano", diz.
O Disque-Denúncia da Globo funciona assim: quem tem problemas com o chefe é aconselhado a ligar para um ramal no departamento de Recursos Humanos. Um auxiliar administrativo ouve o desabafo e orienta o queixoso a ter uma conversa com seu desafeto. Se não adiantar, o empregado deve voltar a procurar o RH, e o caso é reencaminhado.
Se a queixa for contra alguém do alto escalão, o processo vai parar nas mãos do diretor de Recursos Humanos, João Marcos Fonseca.
Após algumas rusgas, funcionários constaram mudanças nos comportamentos de diretores, como Talma e Daniel Filho. "O Talma está muito tranquilo, um amor", diz uma produtora.
A idéia da emissora não é punir. O RH dá garantias ao funcionário de que ele não será perseguido. Caso se sinta prejudicado, pode ser transferido.
Roberto Talma e Daniel Filho não quiseram comentar. A CGCom (Central Globo de Comunicação) informou que, desde 1993, está em vigor um "amplo programa de comunicação interna".


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