São Paulo, domingo, 30 de agosto de 1998

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Dispositivo "zapeia' publicidade


Israelense cria aparelho que exibe uma rápida publidcidade sempre que se muda de canal



da Redação

O controle remoto é, há anos, o maior inimigo dos publicitários e das empresas que anunciam seus programas na TV. Essa situação, no entanto, pode mudar em breve.
É que um engenheiro israelense, Yossi Tsuria, acaba de criar -e registrar a patente- de um dispositivo que permite exibir mensagens comerciais no rápido intervalo do "zapping", da mudança de um canal para outro.
Sempre que o telespectador acionar algum botão no controle remoto para mudar de canal, o televisor exibirá um anúncio ultra- rápido.
Tsuria não especificou que tipos de mensagens serão usadas, mas só o aparecimento do tal dispositivo já gerou reações de entidades não-governamentais norte-americanas que consideram a TV nociva.
Henry Labalme, diretor da TV Free America (América Sem TV), diz que, "se ninguém impedir os avanços dessa tecnologia para a difusão de anúncios, em breve as pessoas serão bombardeadas por comerciais que atingirão diretamente as áreas do cérebro responsáveis pelas decisões de compra". Ele alerta que "a publicidade que mais funciona é aquela que não é percebida como tal. Além disso, sempre que as pessoas desligarem seus aparelhos, verão ainda uma última propaganda, e é essa mensagem que vai ficar nas suas cabeças".
Segundo Labalme, essas propagandas rápidas podem ser ainda mais "perigosas" que as convencionais, que duram 30 segundos ou um minuto.
Ele lembra que esse tipo de mensagem pode causar a chamada epilepsia fotossensível, aquele distúrbio que levou centenas de jovens e crianças japonesas ao hospital em dezembro no ano passado, quando a TV Tokio exibiu o desenho animado "Pukemon".
No cartoon, flashes de luz com uma frequência semelhante à que deve ser usada no dispositivo criado por Tsuria ativaram vários ataques epiléticos.
Segundo Carl Bazil, da revista médica norte-americana "Epilepsia", esse perigo não é tão grande. "Se forem exibidas dez mensagens por segundo, teoricamente isso pode causar um ataque epilético, mas as chances são muito pequenas", afirma.
O que surpreende Bazil é que esse tipo de transmissão pode ser classificada como propaganda subliminar -proibida por lei. "Acho que a discussão sobre a legalidade e o possível uso desse dispositivo vai envolver mais advogados que médicos", diz.
Segundo a revista norte-americana "TV Guide", Yossi Tsuria ainda não fechou contrato com nenhuma emissora ou fabricante de televisores para lançar seu invento.



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