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RELIGIÃO 3
Pesquisa feita na Unitau (Universidade de Taubaté), em dois anos, aponta que fenômeno deve-se à modernização
Católicos abandonam imagens de santos
DA FOLHA VALE
As igrejas do Vale do Paraíba e
litoral norte estão diminuindo o
uso de imagens em altares, o que
está provocando uma "privatização" de santos, segundo pesquisa
desenvolvida por alunos de pós-graduação da Unitau (Universidade de Taubaté).
De acordo com a pesquisa, o fenômeno é provocado pela modernização da Igreja Católica.
Pressionada pelo crescimento
dos evangélicos, que na maioria
dos casos abominam o culto a
imagens, a Igreja Católica está
procurando verbalizar a crença.
Os católicos estão deixando de
lado as imagens, para privilegiar
as pregações com o culto à palavra.
As imagens de santos estão sendo trocadas por reproduções de
passagens bíblicas.
Um dos motivos, segundo o
professor da Unitau José Rogério
Lopes, é a tentativa da Igreja Católica de se aproximar dos evangélicos.
Se trata, segundo o professor, de
uma guinada ao ecumenismo,
que vem prevalecendo no final de
século.
""A igreja está se modernizando
para se recuperar das cisões que
sofreu com o surgimento do Protestantismo", afirmou o professor.
Embora, do ponto de vista geral,
a mudança possa parecer positiva
para a sociedade, é, na verdade, de
acordo com a leitura do professor,
uma forma de desrespeito aos católicos mais tradicionais, aqueles
que ainda mantêm a crença nos
santos e cultuam as imagens.
""Essa ótica provoca uma privatização dos santos. É um desrespeito à crença dos fiéis que ainda
se mantêm devotos aos santos",
afirmou.
A pesquisa foi realizada com depoimentos de leigos, padres e
fiéis, durante cerca de dois anos.
Além da chamada ""privatização" dos santos, de acordo com
Lopes, a mudança no perfil da
igreja levou à proliferação de altares domésticos.
""Já que não os encontram nas
igrejas, os católicos passaram a espalhar santos pela casa. Só não há
nos banheiros", afirmou.
Divergência
O resultado da pesquisa é contestado, pelo menos em parte, pelo padre Rinaldo Roberto de Rezende, assessor das pastorais da
Diocese de São José dos Campos.
Segundo o padre, a igreja está se
modernizando, mas não impede
a devoção aos santos, embora recomende cautela na crença.
""Não queremos que as pessoas
associem as imagens a Deus. As
imagens são como um álbum de
família, estão aí para lembrar as
pessoas e servir de exemplo", afirmou o padre à Folha.
(KEILA RIBEIRO)
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