São José dos Campos, Domingo, 05 de Dezembro de 1999


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HISTÓRIA
Cidade conserva hoje apenas dois imóveis do século 19, período histórico considerado o mais importante
Taubaté resgata "século de ouro"

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
da Folha Vale

Depois de ver todo o patrimônio histórico do século 19, o mais importante de sua história, ficar reduzido a dois prédios intactos -o restante foi derrubado ou descaracterizado-, Taubaté iniciou um trabalho para preservar e restaurar o que ainda sobrou do chamado "século de ouro".
O trabalho de mapeamento dos locais históricos, que inclui levantamento bibliográfico e pesquisa nos cartórios, é desenvolvido por pesquisadores e alunos da Unitau (Universidade de Taubaté) e pela prefeitura.
Segundo a professora Olga Nunes Rodrigues, o objetivo é preservar, além do patrimônio arquitetônico, a memória histórica de cada casarão e da cidade.
"Esses casarões pertenceram à elite política, cultural e econômica da época", disse.
Um dos casarões "sobreviventes" é o Solar das Artes, construído por Manoel José Siqueira Mattos, conhecido como o Barão do Café, com paredes de taipa de pilão e características do apogeu da época do café.
Em dois anos, a prefeitura restaurou o imóvel e o transformou em espaço cultural.
Outro remanescente é o casarão da chácara do Visconde de Tremembé, avô de Monteiro Lobato (1882-1948), que hoje abriga o Museu Histórico e Pedagógico, com oficinas, exposições e biblioteca dedicada à obra do escritor.
Foi no século 19 que Taubaté consolidou-se como o grande centro de poder político e econômico do Vale do Paraíba.
A expansão cafeeira na região fez com que a cidade se enriquecesse rapidamente. O município tinha 86 fazendas de café.
Como consequência, veio o primeiro jornal do Vale (1861), estrada de ferro (1876), teatro (1878), bondes urbanos de tração animal (1881), iluminação pública a gás (1884) e serviço de abastecimento de água (1893).
Foi no século 19, em 1891, que Félix Guisard fundou a CTI (Companhia Taubaté Industrial), a primeira indústria do Vale.
É justamente a industrialização o principal fator apontado por especialistas para a destruição do patrimônio histórico.
"A maioria dos prédios foi destruída pela febre de modernidade criada pela industrialização", diz Osmar Barbosa, do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico.
"A industrialização fez com que as pessoas achassem que tudo que era velho deveria ser substituído", disse Antonio Carlos Argollo Andrade, coordenador do Museu de Arte Sacra.
Outro problema seria a falta de conscientização sobre o patrimônio, principalmente na metade do século 20. "Não havia a valorização de hoje", diz a historiadora Maria Morgado de Abreu.
"Taubaté, em nome do progresso, destruiu casarões. Achava-se que tudo era velharia."


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