|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HISTÓRIA
Cidade conserva hoje apenas dois imóveis do século 19, período histórico considerado o mais importante
Taubaté resgata "século de ouro"
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
da Folha Vale
Depois de ver todo o patrimônio histórico do século 19, o mais
importante de sua história, ficar
reduzido a dois prédios intactos
-o restante foi derrubado ou
descaracterizado-, Taubaté iniciou um trabalho para preservar e
restaurar o que ainda sobrou do
chamado "século de ouro".
O trabalho de mapeamento dos
locais históricos, que inclui levantamento bibliográfico e pesquisa
nos cartórios, é desenvolvido por
pesquisadores e alunos da Unitau
(Universidade de Taubaté) e pela
prefeitura.
Segundo a professora Olga Nunes Rodrigues, o objetivo é preservar, além do patrimônio arquitetônico, a memória histórica de
cada casarão e da cidade.
"Esses casarões pertenceram à
elite política, cultural e econômica
da época", disse.
Um dos casarões "sobreviventes" é o Solar das Artes, construído por Manoel José Siqueira Mattos, conhecido como o Barão do
Café, com paredes de taipa de pilão e características do apogeu da
época do café.
Em dois anos, a prefeitura restaurou o imóvel e o transformou
em espaço cultural.
Outro remanescente é o casarão
da chácara do Visconde de Tremembé, avô de Monteiro Lobato
(1882-1948), que hoje abriga o
Museu Histórico e Pedagógico,
com oficinas, exposições e biblioteca dedicada à obra do escritor.
Foi no século 19 que Taubaté
consolidou-se como o grande
centro de poder político e econômico do Vale do Paraíba.
A expansão cafeeira na região
fez com que a cidade se enriquecesse rapidamente. O município
tinha 86 fazendas de café.
Como consequência, veio o primeiro jornal do Vale (1861), estrada de ferro (1876), teatro (1878),
bondes urbanos de tração animal
(1881), iluminação pública a gás
(1884) e serviço de abastecimento
de água (1893).
Foi no século 19, em 1891, que
Félix Guisard fundou a CTI
(Companhia Taubaté Industrial),
a primeira indústria do Vale.
É justamente a industrialização
o principal fator apontado por especialistas para a destruição do
patrimônio histórico.
"A maioria dos prédios foi destruída pela febre de modernidade
criada pela industrialização", diz
Osmar Barbosa, do Conselho
Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico.
"A industrialização fez com que
as pessoas achassem que tudo que
era velho deveria ser substituído",
disse Antonio Carlos Argollo Andrade, coordenador do Museu de
Arte Sacra.
Outro problema seria a falta de
conscientização sobre o patrimônio, principalmente na metade do
século 20. "Não havia a valorização de hoje", diz a historiadora
Maria Morgado de Abreu.
"Taubaté, em nome do progresso, destruiu casarões. Achava-se
que tudo era velharia."
Texto Anterior: Taubaté 354 anos: Taubaté comemora hoje seu aniversário Próximo Texto: Zona rural concentra casarões Índice
|