São José dos Campos, Sábado, 6 de março de 1999

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ADMINISTRAÇÃO EM CRISE
Previsão é paralisar obras, manutenção, saúde e educação devido ao atraso dos salários
Servidor de Jacareí faz greve na segunda

da Folha Vale

Funcionários públicos de Jacareí decidiram em assembléia paralisar as atividades segunda-feira devido ao atraso no pagamento, que deveria ter sido feito ontem.
Entre os setores previstos para ficarem parados estão saúde, que deve fazer apenas atendimentos de emergência, educação, obras, manutenção e transporte de servidores. A prefeitura tem cerca de 4.000 empregados e o custo com a folha atinge R$ 3,5 milhões.
A administração municipal tem dívidas com entidades sociais, Santa Casa, fornecedores e está atrasando o repasse de cestas básicas para os trabalhadores. O valor total dos débitos não é divulgado.
A paralisação dos serviços foi mantida mesmo com a proposta apresentada ontem à tarde pela administração -pagar integralmente os 1.500 servidores com menor salário líquido e conceder um adiantamento ao restante na terça.
"Já tínhamos a garantia que o adiantamento seria dado hoje (ontem), o que não aconteceu. Além disso, queremos respostas para os atrasos de outros benefícios", disse Ricardo Della Hos, diretor do Sindicato dos Servidores.
Segundo ele, são cerca de 3.000 cestas básicas atrasadas, o que levou o sindicato a preparar uma campanha de arrecadação de alimentos para "socorrer" os servidores mais necessitados.
Hos evitou usar o termo greve, mas admitiu que a paralisação poderá continuar durante a semana, caso a prefeitura não apresente uma "resposta objetiva" aos problemas da categoria.

Estratégia
Ontem pela manhã, foram realizadas assembléias com trabalhadores da SSM (Secretaria dos Serviços Municipais) e da SOV (Secretaria de Obras e Viação), que abrangem um quarto dos servidores. A adesão da SSM é considerada estratégica pelo sindicato.
Entre outros profissionais, a secretaria engloba os motoristas, que podem forçar a paralisação em outros setores.
Às 18h de ontem foi realizada outra assembléia, desta vez com os servidores da saúde, que ratificaram a decisão tomada de manhã pelos funcionários da SSM.
Hos garante que os serviços médicos de emergência e o atendimento aos idosos serão mantidos durante o protesto.
"A gente espera contar com o apoio da população. Muitas famílias estão sendo prejudicadas com essa postura da administração", afirmou o sindicalista.
No mês passado, a prefeitura atrasou e em seguida escalonou o pagamento dos servidores, começando a liberar os salários para os que ganham menos. A última das três parcelas do 13º, também escalonado, será paga no final do mês.
Na última terça-feira, o prefeito liberou R$ 44.500 para entidades assistenciais, mas não quitou as dívidas. A Cepac, por exemplo, que atende portadores de deficiências e ameaçava fechar, ainda tem R$ 129 mil a receber.
O município, que está com uma dívida ativa estimada em R$ 20 milhões, deve ainda bolsas de estudo e transporte para estudantes dentro dos programas Proteu e Probem, respectivamente. Os valores não foram fornecidos.
A administração alega queda na arrecadação devido à crise. O vereador Marino Faria (PT) fez um levantamento e afirmou que a arrecadação cresceu 18,86% em 98.



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