|
Próximo Texto | Índice
SOB SUSPEITA
Delegados defendem policiais civis e militares denunciados à Ouvidoria por crimes como tráfico
Policiais acusados estão na ativa
da Folha Vale
Nenhum dos policiais civis e
militares do Vale do Paraíba e litoral norte denunciados à Ouvidoria da Polícia entre 98 e 99 foi
afastado de suas funções durante
as investigações dos supostos crimes, como tráfico de drogas, jogo
do bicho e enriquecimento ilícito.
Pelo menos 13 policiais da região tiveram os nomes citados nas
denúncias anônimas feitas à Ouvidoria da Polícia. Outras denúncias fazem referências genéricas a
policiais civis e militares.
Entre os policiais está o delegado Manoel Conde Neto, de Ubatuba, que foi investigado por suposto enriquecimento ilícito.
O ouvidor da Polícia, Benedito
Mariano, se limitou a repudiar a
divulgação da lista e não quis comentar a manutenção dos policiais colocados sob suspeita.
A Folha conversou ontem com
delegados do Vale do Paraíba e do
litoral norte, além de um comandante da Polícia Militar.
Todos disseram que as denúncias são infundadas e que nada foi
provado contra os policiais. Nenhum deles revelou o nome completo dos envolvidos.
Em Pindamonhangaba, pelo
menos três dos quatro policiais
denunciados -o escrivão Carlinhos e os investigadores Rosa e
Chicão-, nem chegaram a ser investigados pela denúncia de envolvimento com o tráfico.
De acordo com o delegado titular de Pinda, Luiz Alfredo Fontes,
não havia elementos suficientes
para dar início à investigação contra os policiais citados.
"Denúncias vazias são complicadas, porque não temos o fio da
meada para iniciar a investigação,
que é uma coisa muito séria e
compromete a vida da pessoa",
afirmou o delegado Fontes.
Segundo ele, deslocar policiais
para apurar as denúncias "seria
perda de tempo e iria prejudicar a
sociedade".
O quarto policial denunciado
na cidade, identificado apenas como Lula, foi transferido para Taubaté.
Segundo o delegado-seccional
em exercício de Taubaté, Francisco Norberto Rocha de Moraes,
Lula responde a um inquérito policial, mas por outro motivo, que
não foi revelado.
"Todos os casos foram e estão
sendo alvo de investigação. Mas
as denúncias são muito vagas",
afirmou Moraes.
O delegado se refere à acusação
imputada a "policiais civis do DP
de Campos do Jordão por envolvimento com o tráfico de drogas"
e ao "ponto de tráfico de drogas
em escolas de Taubaté com envolvimento de policiais civis e do traficante Brás", que aparecem na
lista da Ouvidoria.
Jogo do bicho
Em Caraguatatuba, o agente policial Luizão, os carcereiros Rodnei e Airton, o chefe dos investigadores Jaime e o operador de telex
Josafá chegaram a ser investigados, mas nada teria sido provado
contra eles.
O grupo foi denunciado por suposto envolvimento com tráfico
de drogas e jogo do bicho.
O delegado titular de Caraguatatuba, Fábio de Carvalho Joaquim, nega as acusações.
"Não há um pingo de lógica
nem de fundamento. Aliás, esses
policiais nunca trabalharam juntos. Luizão está até aposentado",
afirmou Joaquim.
Em São José dos Campos, o delegado titular da Dise (Delegacia
de Investigação Sobre Entorpecentes), Luiz Segolin Neto, disse
que as denúncias contra os investigadores Marcão e Chicão também foram averiguadas, mas não
levaram a indícios de conivência
dos policiais com o tráfico.
"Na época da denúncia, o Marcão nem trabalhava na Dise, mas
na DIG (Delegacia de Investigações Gerais). Tenho certeza de
que são falsas. Os policiais da Dise
e da DIG são a elite da Polícia Civil", disse Neto.
Chicão não trabalha mais em
São José dos Campos.
Segundo o delegado-seccional
Roberto Monteiro de Andrade
Júnior, Chicão foi transferido para o DHPP (Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa),
em São Paulo, há um ano.
Sindicância
A lista da Ouvidoria tem duas
denúncias de envolvimento de
PMs de Ubatuba com o tráfico de
drogas. Eles também são acusados de usar carros oficiais para
fins particulares.
Um dos acusados, identificado
como Costa, é visto pelo comando como um "ótimo policial".
"Todas as denúncias foram
apuradas, mas não houve sequer
a necessidade de sindicância, porque nada foi provado", disse o
major Eurico Roberto Roma, comandante interino do 20º BPM-I
(Batalhão da Polícia Militar no Interior), que agrega as unidades do
litoral norte.
Próximo Texto: Delegado é candidato a vereador Índice
|