São José dos Campos, Sexta-feira, 07 de Abril de 2000


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SOB SUSPEITA
Delegados defendem policiais civis e militares denunciados à Ouvidoria por crimes como tráfico
Policiais acusados estão na ativa

da Folha Vale

Nenhum dos policiais civis e militares do Vale do Paraíba e litoral norte denunciados à Ouvidoria da Polícia entre 98 e 99 foi afastado de suas funções durante as investigações dos supostos crimes, como tráfico de drogas, jogo do bicho e enriquecimento ilícito.
Pelo menos 13 policiais da região tiveram os nomes citados nas denúncias anônimas feitas à Ouvidoria da Polícia. Outras denúncias fazem referências genéricas a policiais civis e militares.
Entre os policiais está o delegado Manoel Conde Neto, de Ubatuba, que foi investigado por suposto enriquecimento ilícito.
O ouvidor da Polícia, Benedito Mariano, se limitou a repudiar a divulgação da lista e não quis comentar a manutenção dos policiais colocados sob suspeita.
A Folha conversou ontem com delegados do Vale do Paraíba e do litoral norte, além de um comandante da Polícia Militar.
Todos disseram que as denúncias são infundadas e que nada foi provado contra os policiais. Nenhum deles revelou o nome completo dos envolvidos.
Em Pindamonhangaba, pelo menos três dos quatro policiais denunciados -o escrivão Carlinhos e os investigadores Rosa e Chicão-, nem chegaram a ser investigados pela denúncia de envolvimento com o tráfico.
De acordo com o delegado titular de Pinda, Luiz Alfredo Fontes, não havia elementos suficientes para dar início à investigação contra os policiais citados.
"Denúncias vazias são complicadas, porque não temos o fio da meada para iniciar a investigação, que é uma coisa muito séria e compromete a vida da pessoa", afirmou o delegado Fontes.
Segundo ele, deslocar policiais para apurar as denúncias "seria perda de tempo e iria prejudicar a sociedade".
O quarto policial denunciado na cidade, identificado apenas como Lula, foi transferido para Taubaté.
Segundo o delegado-seccional em exercício de Taubaté, Francisco Norberto Rocha de Moraes, Lula responde a um inquérito policial, mas por outro motivo, que não foi revelado.
"Todos os casos foram e estão sendo alvo de investigação. Mas as denúncias são muito vagas", afirmou Moraes.
O delegado se refere à acusação imputada a "policiais civis do DP de Campos do Jordão por envolvimento com o tráfico de drogas" e ao "ponto de tráfico de drogas em escolas de Taubaté com envolvimento de policiais civis e do traficante Brás", que aparecem na lista da Ouvidoria.

Jogo do bicho
Em Caraguatatuba, o agente policial Luizão, os carcereiros Rodnei e Airton, o chefe dos investigadores Jaime e o operador de telex Josafá chegaram a ser investigados, mas nada teria sido provado contra eles.
O grupo foi denunciado por suposto envolvimento com tráfico de drogas e jogo do bicho.
O delegado titular de Caraguatatuba, Fábio de Carvalho Joaquim, nega as acusações.
"Não há um pingo de lógica nem de fundamento. Aliás, esses policiais nunca trabalharam juntos. Luizão está até aposentado", afirmou Joaquim.
Em São José dos Campos, o delegado titular da Dise (Delegacia de Investigação Sobre Entorpecentes), Luiz Segolin Neto, disse que as denúncias contra os investigadores Marcão e Chicão também foram averiguadas, mas não levaram a indícios de conivência dos policiais com o tráfico.
"Na época da denúncia, o Marcão nem trabalhava na Dise, mas na DIG (Delegacia de Investigações Gerais). Tenho certeza de que são falsas. Os policiais da Dise e da DIG são a elite da Polícia Civil", disse Neto.
Chicão não trabalha mais em São José dos Campos.
Segundo o delegado-seccional Roberto Monteiro de Andrade Júnior, Chicão foi transferido para o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), em São Paulo, há um ano.

Sindicância
A lista da Ouvidoria tem duas denúncias de envolvimento de PMs de Ubatuba com o tráfico de drogas. Eles também são acusados de usar carros oficiais para fins particulares.
Um dos acusados, identificado como Costa, é visto pelo comando como um "ótimo policial".
"Todas as denúncias foram apuradas, mas não houve sequer a necessidade de sindicância, porque nada foi provado", disse o major Eurico Roberto Roma, comandante interino do 20º BPM-I (Batalhão da Polícia Militar no Interior), que agrega as unidades do litoral norte.


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