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334 fogem do Putim
Claudio Capucho/Folha Imagem
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Fachada da cadeira do Putim
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da Folha Vale
A Cadeia Pública de São José dos
Campos, conhecida
como do Putim, registrou ontem a fuga de
334 presos -a maior
já registrada no Estado
de São Paulo.
O delegado regional
do Vale do Paraíba,
Antônio Carlos Gonçalves da Silva, disse
que a fuga ocorreu
após a rendição de um
carcereiro no interior
da cadeia, feita por presos armados.
A versão inicial passada à Polícia
Militar pela carceragem era que oito homens fortemente armados
com fuzis, pistolas e revólveres, haviam rendido os carcereiros e invadiram o estabelecimento penitenciário, passando a abrir as celas,
por volta das 18h.
Os detentos teriam saído correndo e fugiram em direção ao mato
em torno da cadeia, para os bairros
Putim e São Judas e para rodovia
dos Tamoios e Carvalho Pinto.
Os policiais militares tomaram
precauções extras nas margens das
estradas devido ao movimento de
retorno dos turistas que voltavam
do litoral norte devido ao feriado
prolongado de Corpus Christi.
A fuga recorde no local até então
aconteceu no dia 2 de novembro
de 97, quando 197 dos 328 presos
dominaram os funcionários de
plantão e saíram pelo portão da
frente (leia texto nesta página).
Segundo o cabo Antonio Carlos
Rodrigues, da PM, foram solicitados reforços do policiamento aéreo e da Polícia Rodoviária, além
da procura com cachorros. "A nossa estimativa é que havia 485 presos na cadeia", disse.
Morte
A PM informou que teria havido
uma morte no bairro São Judas
que poderia ter relação com a fuga.
Policiais militares e civis fizeram
um cerco nas proximidades da cadeia, impedindo a passagem de
pessoas e de carros. Os presos estariam realizando assaltos em casas
da região, roubando carros e fazendo algumas pessoas como reféns. Houve troca de tiros no local.
De acordo com Rodrigues, a PM
deslocou um efetivo de cerca de
120 homens -com reforço de cidades vizinhas- nas buscas dos
fugitivos. Até as 21h, 13 detentos
haviam sido recapturados.
A Folha não conseguiu falar com
o diretor da cadeia, Gilmar Guarnieri. O delegado-seccional Carlos
Eduardo Silveira Martins não deu
maiores informações por volta das
20h45 porque ainda estava tomando conhecimento da situação.
Ação
A Folha apurou que o grupo chegou ao portão da cadeia e um de
seus integrantes chamou um carcereiro para pedir uma informação. O funcionário foi
rendido e feito refém,
permitindo a entrada
da quadrilha no estabelecimento. Eles teriam levado algumas
armas que estavam no
interior da cadeia.
Segundo o delegado
regional do Vale do Paraíba, Antônio Carlos
Gonçalves da Silva, a
fuga teria acontecido
depois que um preso
pediu para atender um outro detento que estava passando mal.
"Os presos tinham uma arma na
cela e o carcereiro foi rendido. A
partir daí, eles abriram as outras
celas e fugiram pela frente."
Silva acredita que tenha ocorrido
falha humana. "Houve uma desatenção na hora do atendimento."
Ele afirmou não saber como a arma entrou na cadeia. "Vamos abrir
uma sindicância para apurar as
responsabilidades e circunstâncias
do ocorrido", disse.
O delegado informou que, no
momento da fuga, estavam trabalhando 17 carcereiros. A Polícia Civil enviou um reforço de pelo menos 60 homens para auxiliar nas
buscas.
Cerca de sete pessoas feridas a
bala foram encaminhadas ao
Pronto-Socorro da Vila Industrial.
Funcionários do hospital não
souberam dizer se os feridos eram
fugitivos ou vítimas das ações dos
presos nas proximidades da área.
O delegado regional afirmou que
as buscas iriam continuar durante
a noite e a madrugada.
Os presos recapturados estavam
sendo levados de volta à cadeia. A
Delegacia Regional e o Ministério
Público de São José estão investigando possíveis irregularidades no
funcionamento da cadeia (leia texto nesta página).
Segurança máxima
Quando foi inaugurada, em 95, o
estabelecimento era considerado
de segurança máxima. Uma rebelião ocorrida em 96 destruiu praticamente todo o prédio. O sistema
de segurança elétrica foi todo danificado.
A cadeia foi construída para abrigar 502 presos.
Em 98, a cadeia passou por uma
reforma. A reinauguração aconteceu no final do ano.
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