São José dos Campos, Domingo, 9 de maio de 1999

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CULTURA 2
Visistas de turistas ou pesquisadores serão pagas e os recursos revertidos para o benefício da tribo guarani
Aldeia desenvolve projeto de ecoturismo

da Folha Vale

A aldeia do rio Silveira, em São Sebastião, está desenvolvendo um projeto de ecoturismo para disciplinar a entrada de estudantes, turistas e pesquisadores que quiserem visitar o local.
O projeto está sendo desenvolvido com o apoio da administração, que já preparou o relatório de impacto ambiental.
Segundo o chefe da Divisão de Cultura de São Sebastião, Zenildo de Freitas, para a consolidação do projeto ainda falta o relatório socioeconômico, que deverá ser elaborado por um antropólogo.
"É importante organizarmos a frequência dos visitantes, tanto para um melhor atendimento, como para evitar atrapalhar a vida da comunidade."
Freitas afirmou que todas essas visitas serão pagas e os recursos revertidos para o benefício da aldeia. Segundo o coordenador, o projeto prevê a apresentação de danças e cantos típicos da cultura guarani, além da exploração turística das belezas naturais da região.
A aldeia do rio Silveira possui 948 hectares, o equivalente a 1.231 campos de futebol, em área de Mata Atlântica, nas encostas da serra do mar, divisa entre São Sebastião e Bertioga.
"As visitas serão coordenadas pelos próprios integrantes da aldeia. Já tivemos a oportunidade de realizar cursos de ecoturismo com vários deles."

Benefícios
Segundo o coordenador da comunidade indígena do rio Silveira, Mariano Fernando, o projeto vai conceder benefícios para a tribo. "Recebemos outro dia um grupo de estudantes que chegou sem avisar e queria ver nossa dança. Não permitimos a entrada deles porque nada foi agendado."
Fernando afirmou que os índios do rio Silveira buscam as vantagens do mundo tecnológico, mas não pretendem se afastar de suas raízes culturais. "Apesar de estar vestindo uma roupa bonita, isso não muda nossa característica. Não podemos esquecer nossa língua e nossa cultura."
Os índios também continuam com a confecção de peças de artesanato, além do plantio de palmitos das espécies pupunha e jussara e das helicônias.
O cultivo das helicônias, espécie de planta da Mata Atlântica, começou em 96 com o apoio da Casa da Agricultura e da ONG Guaricanga.
Atualmente, os buquês da planta são comprados por um grupo formado por cerca de 50 cotistas, entre pousadas, hotéis e residências particulares.
Além desses projetos, está prevista a expansão de atividades como a piscicultura e apicultura.
"Para o desenvolvimento das tribos, é necessário o estabelecimento de parcerias", afirmou o chefe do posto da Funai em São Sebastião, Márcio José Alvim do Nascimento.



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