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SOB SUSPEITA
Comissão investiga suspeita de superfaturamento na avaliação de área da mata Atlântica em Ubatuba
CPI pede quebra de sigilo dos envolvidos
ELIANE MENDONÇA
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE
A CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) da Indústria da Indenização Ambiental aprovou,
por unanimidade, o pedido de
quebra dos sigilos bancário e fiscal de todas as pessoas envolvidas,
incluindo peritos, no processo relativo à desapropriação de uma
área na serra do Mar.
A desapropriação, referente a
uma área de 13.222 hectares, localizada em Ubatuba, originou o
maior precatório (dívida fixada
pela Justiça) da história do país,
no valor de R$ 1,5 bilhão.
A CPI suspeita de que tenha havido superfaturamento na avaliação e investiga a existência de um
esquema envolvendo juízes, advogados, peritos judiciais e supostos proprietários de áreas com o
objetivo de lesar o Estado.
O alvo da quebra de sigilo é a
Companhia Comercial Dela -a
suposta proprietária da área-, os
diretores da empresa, os peritos
judiciais que trabalharam na avaliação da área, um assistente do
Estado e um da empresa.
De acordo com o deputado estadual Salvador Khuriyeh (PDT),
relator da CPI, a comissão aguarda o envio de informações sobre a
empresa solicitadas à Junta Comercial de São Paulo.
"Precisamos saber, com exatidão, todas as modificações ocorridas no processo de sucessão da
posse das terras." O motivo, segundo Khuriyeh, é a desatualização das informações -o processo tem mais de 20 anos. "Descobrimos que o proprietário majoritário da Dela morreu há anos."
O presidente da CPI, Milton Flávio (PSDB), disse ontem que precisa das informações da Junta para definir quem serão as pessoas
que terão o sigilo quebrado.
O deputado não quis adiantar
os nomes de todas as pessoas supostamente envolvidas. "São vários nomes, entre eles o do perito
José Lasmar Filho, que certamente será convocado para prestar
depoimento", afirmou.
O pedido de quebra de sigilo será enviado ao Ministério Público.
Se a Promotoria avaliar que há
fundamento no processo, encaminhará o pedido à Justiça.
As suspeitas da CPI foram reforçadas após os depoimentos do
advogado Silvestre Lima Neto e
do oficial do Cartório de Registro
de Imóveis de Ubatuba, Aluísio
Cabral da Cunha Canto, que
aconteceram há cerca de 15 dias.
Lima Neto é o proprietário de
uma área de 3.630 hectares, em
Ubatuba, tombada pelo Estado
em 1977 para a criação do Parque
Estadual da Serra do Mar.
Parte dessa área também aparece como sendo de propriedade da
imobiliária Dela na ação indenizatória movida contra o Estado.
O advogado Silvestre Lima Neto
será convocado novamente.
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