São José dos Campos, Sábado, 17 de julho de 1999

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TRÁFICO
Acusados em maior apreensão de maconha do país, registrada no Vale, não falam em depoimento
PF estuda quebra de sigilo de grupo

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
free-lance para a Folha Vale

A Polícia Federal estuda a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico dos sete presos após a apreensão recorde de maconha - 6.874 quilos- feita anteontem em Tremembé.
"É uma providência que costuma ser tomada nesses casos", disse o delegado Gilberto Tadeu, assessor de imprensa da PF.
A decisão, que cabe ao delegado José Fernando Amaral Júnior, responsável pelo inquérito, deverá ser tomada na próxima segunda-feira.
Os acusados se recusaram a prestar depoimento ao delegado José Fernando do Amaral Júnior, anteontem na sede da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, em São Paulo.
Segundo Tadeu, eles anunciaram que só falarão sobre a droga apreendida na Justiça.
Os sete estão presos na sede da PF em São Paulo, mas, segundo a assessoria do órgão, deverão ser encaminhados à Casa de Detenção hoje ou na segunda-feira.
Além da quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico, Amaral Júnior deverá pedir investigação sobre a propriedade rural onde a droga foi encontrada e avaliar a necessidade de chamar novas testemunhas.
Ele aguarda ainda o laudo do Serviço de Criminalística da PF sobre a droga apreendida.
O inquérito deverá ser concluído em dez dias, contados a partir de anteontem, e enviado à Justiça de Tremembé, onde será aberto processo contra os acusados.
A juíza distrital Vânia Regina Gonçalves da Cunha não quis falar sobre o caso ontem alegando não ter recebido o processo.
A PF não quis falar sobre outras operações de combate ao tráfico de drogas em andamento no Vale do Paraíba e litoral norte.
Segundo Tadeu, a apreensão de anteontem mostrou que a região funciona como "centro de distribuição de drogas".
O delegado titular da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Taubaté, Juarez Toti, disse que há suspeitas sobre outras redes menores de tráfico de drogas que agiriam à sombra do esquema desvendado pela polícia.
"Pode haver outros casos", disse o delegado, que considera prioridade da Dise o traficante que comercializa a droga na própria região.
Segundo ele, na semana passada foram presos dois traficantes que traziam maconha do Mato Grosso para vender no Vale do Paraíba.
"Esses são mais perigosos para nós do que os grandes", afirmou. Ele afirmou que a Dise também está investigando traficantes que usam o Vale do Paraíba para levar as drogas ao Rio de Janeiro.



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