São José dos Campos, Sexta, 23 de abril de 1999

Próximo Texto | Índice

CASO PUTIM
Promotoria confirma troca de ligações telefônicas entre o delegado Kepczynski e o advogado dos presos
Justiça pede prisão de mais 8 acusados

da Folha Vale

A Justiça de São José dos Campos expediu ontem mais oito pedidos de prisão preventiva para acusados de envolvimento na fuga de 23 presos da Cadeia do Putim, em maio do ano passado. Os pedidos são para sete detentos e seu advogado, Antônio de Morais.
O promotor Marcos Antônio Librelon confirmou ontem que a prisão preventiva do delegado Eduardo Kepczynski foi pedida após ficar constatada a troca de cerca de 30 ligações entre fugitivos e o advogado e entre Kepczynski e Morais. As contas telefônicas foram rastreadas.
Ao todo, foram 12 mandados de prisão preventiva (delegado, advogado dos presos, sete fugitivos e três carcereiros).
Os carcereiros Valdir Pereira dos Santos e Márcio Rosa se apresentaram ontem à tarde na Delegacia Seccional de São José. Osmar Alves de Lima, o terceiro carcereiro acusado, se apresentou em Roseira. Os três foram levados para o Presídio da Polícia Civil, em São Paulo. Kepczynski foi o primeiro a se apresentar espontaneamente, na terça-feira à noite.
A relação de cerca de 30 chamadas confirmadas dos celulares soma 600 páginas no processo. "Foram dezenas de ligações do delegado para o advogado da quadrilha e vice-versa. Também houve registros de chamadas do advogado para os detentos e novamente para ele. As ligações foram intensificadas na véspera do sequestro e na madrugada. Todas as chamadas foram de celulares", afirmou o promotor Marcos Antônio Librelon, da 1ª Vara Criminal de São José dos Campos.
Librelon afirmou que a Promotoria não tem provas de que Kepczynski tenha recebido R$ 100 mil para colaborar na fuga, como acusou o detento Adenílson Nascimento.
"Não temos prova do recebimento do dinheiro, mas o delegado teria aceitado a promessa de receber os R$ 100 mil."
Tanto o delegado quanto os carcereiros têm direito de apresentar defesa por escrito em 15 dias, por serem funcionários públicos. Eles ainda não foram denunciados pela Promotoria.
Os demais acusados serão interrogados a partir do dia 30. Os pedidos de prisão preventiva foram assinados pelos sete promotores criminais da comarca de São José dos Campos.
A advogada de Kepczynski, Tania Lis Nogueira, entra na próxima segunda-feira com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça. Ela está pessimista quanto a uma liminar sobre o caso. O delegado deve ficar preso por mais 60 dias, segundo ela.
O delegado titular da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), Gilmar Guarnieri, confirmou o recebimento dos mandados de prisão e disse que a equipe de captura da polícia está atrás dos acusados.



Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.