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Maior ícone cultural, Cassiano Ricardo fica sem memorial
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Principal ícone da história cultural de São José dos Campos, o
poeta Cassiano Ricardo completaria, caso estivesse vivo, 106 anos
ontem, véspera do aniversário de
sua cidade natal.
Apesar de a Prefeitura de São
José ter anunciado no ano passado que iria construir um memorial em homenagem ao escritor e
que a obra seria inaugurada durante as comemorações do aniversário da cidade, o projeto ainda não saiu do papel.
Até agora, apenas uma pedra
fundamental foi lançada no local
da obra, que fica ao lado da avenida Cassiano Ricardo, no Jardim
Aquarius, região nobre da cidade.
O memorial do escritor, que terá os seus restos mortais trazidos
do mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro,
para São José, será projetado pelo
arquiteto Oscar Niemeyer.
Cassiano Ricardo nasceu em
São José, no dia 26 de julho de
1895, e publicou mais de 50 livros
de poesia e teoria literária. Formado em direito, o poeta exerceu as
atividades de crítico, ensaísta, historiador e jornalista.
Embora tenha nascido em São
José, Cassiano Ricardo permaneceu na cidade somente até 1912,
quando se mudou para São Paulo
com o intuito de estudar direito.
Após a conclusão do curso, em
1917, o poeta foi para Vacaria
(RS), onde começou a exercer a
profissão de advogado e a participar de movimentos políticos de
oposição ao governo gaúcho.
De volta a São Paulo, no início
da década de 30, o poeta trabalhou no Palácio do Governo até
1954. Ele morreu no Rio, em 1974.
Obras
Um dos líderes do movimento
da reforma literária iniciada com
a Semana de Arte Moderna em
São Paulo, em 1922, Cassiano Ricardo escreveu seu primeiro livro
de poesias, "Dentro da Noite",
publicado em 1915, aos 16 anos,
quando ainda morava em São José dos Campos.
O poeta participou ativamente
de vários movimentos literários
nacionalistas, entre eles o Verde-Amarelo, de 1929, ao lado dos escritores Plínio Salgado, Menotti
del Picchia, Alfredo Élis e Cândido Mota Filho.
No movimento, os autores exaltavam um país sem preconceito
religioso, político ou étnico.
As obras de Cassiano Ricardo
têm como característica principal
o lema "Originalidade ou Morte",
criado pelo próprio autor, na década de 20.
Dos seus primeiros livros
-"Dentro da Noite" (1915) e "A
Frauta de Pã" (1917)- aos últimos -"Jeremias Sem-Chorar"
(1964) e "Os Sobreviventes"
(1971)-, o poeta abriu e experimentou diferentes caminhos.
Aderiu aos movimentos literários neo-parnasianismo, simbolismo, modernismo, neo-romantismo e concretismo. Nas mãos
do poeta, esses movimentos foram instrumentos conceituais na
"fabricação" dos seus poemas.
O fato de ter sido companheiro
de idéias de Menotti del Picchia,
no início do século 20, e depois de
Augusto de Campos e Mário Chamie, na década de 60, demonstra
sua permanente flexibilidade de
estilos literários.
"Martim Cererê", de 1928, é o
mais conhecido dos seus livros.
Trata-se de um longo poema indianista e nacionalista, em que o
índio, o negro e o branco tomam
posse e inventam um novo país.
Como jornalista, Cassiano Ricardo exerceu a função de redator
nos jornais "Correio Paulista" (de
1923 a 1930) e "A Manhã", do Rio
de Janeiro (de 1940 a 1944).
O poeta fundou ainda as revistas literárias "Novíssima", em
1924, "Planalto", em 1930, e "Invenção", em 1962.
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