São José dos Campos, Quinta, 29 de outubro de 1998

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VIOLÊNCIA
Brasileira morta em Israel depois de denunciar suposto esquema de prostituição foi enterrada ontem no Rio
Garota apanhou antes de morrer, diz mãe

da Sucursal do Rio

A empregada doméstica Selma Martins Rosa disse ontem que Kelly Fernanda Martins, 26, sua filha, foi espancada antes de morrer.
"Ela está toda machucada no rosto, está cheia de hematomas. Falta até um dente", afirmou, após observar detalhadamente o corpo da filha. O corpo foi enterrado no cemitério São Francisco Xavier, no Caju (zona norte do Rio).
Após denunciar que fora obrigada a se prostituir em Tel Aviv, em Israel, Kelly morreu no dia 17. Ela apareceu desacordada em uma rua de Tel Aviv, morrendo logo depois em um hospital.
A polícia de Israel periciou o corpo, mas não divulgou ainda o resultado da autópsia. O corpo foi analisado pela polícia do Rio, mas ontem ainda não havia sido divulgado o resultado do exame.
Pouco antes do enterro, familiares de algumas das oito brasileiras que estão em Tel Aviv denunciaram que duas delas haviam sido retiradas de um hotel por dois homens, que disseram ser policiais.
Elas teriam ido prestar depoimento sobre a suposta rede de prostituição internacional que atrai brasileiras para Israel.
Segundo Bárbara Fernandes, mãe de uma das brasileiras, a Embaixada do Brasil em Israel não estava informada sobre os supostos depoimentos. Ela afirmou que elas teriam que depor na Corte Criminal de Tel Aviv, mas que ainda não havia data marcada. Ela e outros familiares afirmaram que estão sendo feitas ameaças de morte a algumas dessas mulheres por telefonemas anônimos. As oito brasileiras foram resgatadas de um prostíbulo pela polícia israelense na semana passada, após Kelly contar para sua mãe sobre o suposto esquema mafioso.
Segundo a irmã de uma dessas mulheres, alguém chegou a ligar para o celular de uma delas ameaçando jogar uma bomba na casa de sua família, no Rio, caso falasse qualquer coisa para a polícia.
Ela disse ainda que as brasileiras estão apavoradas porque, antes de Kelly aparecer desacordada na rua, ela teria sido ouvida gritando. Para tentar obter a liberação dessas mulheres, a advogada Cristina Leonardo, do Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, enviou ontem um ofício ao Ministério da Justiça.



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