MALU GASPAR
da Reportagem Local

A Secretaria Municipal da Educação de São Paulo tem hoje cerca de 350 funcionários na burocracia do órgão que deveriam estar dando aula nas escolas municipais. Destes, pelo menos 50 teriam "reservado" cargos comissionados para assumir depois de se aposentarem, acumulando cargos e salários indevidamente.
A denúncia é da ex-secretária da pasta Hebe Tolosa. Ela pediu demissão do cargo na última sexta-feira, depois de sete meses na função.
O motivo da demissão teria sido o que ela considerou uma "intromissão espantosa" da primeira-dama Nicéa Pitta nos assuntos de sua pasta.
Hebe apresentou ontem mais de cem páginas de documentos e declarações por escrito, que, segundo ela, atestariam as acusações.
A ex-secretária afirmou ainda que descobriu 34 funcionários de cargos de confiança de sua pasta recebendo salário sem trabalhar. Além disso, eles teriam empregos também na Secretaria de Estado da Educação, onde trabalham.
Hebe afirma que a secretária estadual da Educação, Rose Neubauer, teria lhe telefonado para pedir que mantivesse os empregos. A exoneração dos servidores foi publicada no "Diário Oficial" do Município do último sábado.
Segundo Hebe, logo que ela assumiu a secretaria, a primeira-dama tentou indicar para a direção da superintendência da Supeme (Superintendência de Ensino Municipal) uma pessoa sem qualificação para o cargo.
A Supeme é o órgão da secretaria que realiza licitações e compras para o setor de educação no município. Segundo Hebe, a indicada de Nicéa Pitta foi a assessora técnica Wandenei Martins Gondim. Hebe afirmou que essa foi a primeira vez que ela e a primeira-dama tiveram uma discordância.

Outro lado
O prefeito Celso Pitta não informou se as irregularidades apontadas ontem por Hebe Tolosa já haviam sido apresentadas a ele. Mas afirmou que a prefeitura deverá apurá-las.
Até as 19h30 de ontem, a Folha não havia conseguido falar com Rose Neubauer sobre as afirmações da ex-secretária Hebe.



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