São José dos Campos, Sábado, 31 de julho de 1999

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REFLEXO DA GREVE
Protesto de caminhoneiros, que parou a Dutra, gera desabastecimento e aumento de preços
Montadoras perdem R$ 31 milhões

da Folha Vale

As unidades da GM e da Volks instaladas no Vale do Paraíba deixaram de produzir 1.860 carros nos três dias de protesto dos caminhoneiros, que pararam a via Dutra, devido à falta de peças, o que gerou uma perda média de R$ 31 milhões.
A paralisação chegou a provocar 42 quilômetros de congestionamento na Dutra. A rodovia foi liberada após a intervenção da tropa de choque da PM.
A greve acabou após acordo entre caminhoneiros e governo, que suspendeu os aumentos do preço do óleo diesel e dos pedágios em rodovias federais.
A dificuldade de tráfego causou desabastecimento na região e elevou os preços de alguns alimentos em até 150%.
Cerca de 287 toneladas de mercadorias deixaram de chegar à Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo) em São José, um dos maiores centros de abastecimento da região.
A Nestlé, em Caçapava, estima normalizar a entrega de 440 toneladas de produtos que não puderam sair da fábrica até terça-feira.

Produção
O cálculo do prejuízo das montadoras foi feito com base no valor de venda dos carros. Normalmente, as empresas fabricariam 3.270 unidades em três dias.
A Volks, em Taubaté, deixou de produzir 1.618 veículos Gol e Parati, e a General Motors, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, não montou cerca de 250 carros, entre Blazer e picape S-10.
A Ford informou que anteontem a produção de motores e transmissões ficou paralisada o dia todo. A empresa não divulgou a quantidade de peças que deixaram de ser fabricadas.
Na Volks, o ritmo de produção foi retomado à 0h de ontem. Os estoques de peças começaram a ser regularizados no final da tarde. O dia mais crítico foi quarta-feira, quando a produção parou por oito horas. Anteontem, o ritmo estava 50% abaixo do normal.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José, a linha de montagem da Blazer e da S-10 foi interrompida por duas horas e meia na manhã de ontem.
Na quarta-feira, o trabalho foi suspenso por volta das 10h, segundo um dos diretores do sindicato, Vivaldo Moreira Araújo.
Na noite de anteontem, a GM chegou a recorrer ao transporte aéreo para receber peças que não estavam sendo entregues.
A assessoria da empresa confirmou a redução da produção, mas não a paralisação.
O preço das frutas e legumes aumentou no Vale devido à escassez.
A caixa do limão, que estava em falta, chegou a ser comercializada por R$ 20, enquanto o preço normal é R$ 8.



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