São Paulo, domingo, 01 de junho de 2008

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Das ruas para as pistas

Limitações da FIA na F-1 levam montadoras a "importarem" tecnologia dos carros de rua

FELIPE NÓBREGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Desde que a Fórmula 1 foi criada, em 1950, sempre serviu de laboratório para as montadoras testarem as novas tecnologias para os carros de passeio.
Nos últimos anos, porém, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) vem banindo certos equipamentos eletrônicos, como a suspensão ativa e o controle de tração, em nome da maior competitividade entre as equipes de F-1.
Mas será que isso pode frear o desenvolvimento dos carros de rua? O presidente da FIA, Max Mosley, diz que não.
"Pesquisas e desenvolvimentos que forem relevantes para os carros de passeio serão estimulados na Fórmula 1", diz.
No ano passado, quando a FIA anunciou a proibição do controle de tração -sistema que evita as derrapagens nas saídas de curva-, Mosley disse à Folha que as discussões com as montadoras sobre o futuro da categoria serão constantes.
Outro objetivo da entidade é transformar a Fórmula 1 em um esporte que seja "ecologicamente correto".

Criatividade
Para Rogério Gonçalves, coordenador técnico da Petrobras para a equipe Williams, as limitações da FIA podem até estimular o avanço de tecnologias alternativas. Ele afirma que a gasolina terá a concentração de biocombustíveis elevada de 5,75% para 10%.
"As montadoras não dependem só da F-1 para desenvolver seus produtos. A própria BMW fabricava carros de ponta antes de entrar na competição [em 1982]. Mas o esporte estimula, sim, essa evolução", afirma o engenheiro, que trabalha na categoria há dez anos.
Paulo Scaglione, membro do conselho mundial de esporte da FIA e presidente da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), também defende a limitação tecnológica na categoria. "Os monopostos estavam muito velozes, isso era um risco aos pilotos", afirma.
Nos próximos anos, a categoria pretende estrear novas tecnologias, como freios regenerativos -geram energia para o motor ao frear-, herança dos carros híbridos de rua.
Para o vice-presidente do grupo Renault, Thierry Moulonguet, mais do que um laboratório, a competição é uma ótima vitrine para a marca.
"A Fórmula 1 ainda é o melhor esporte para uma montadora investir. São 18 provas durante o ano, o que deixa a marca mais exposta que, por exemplo, na Copa do Mundo."
Segundo a consultoria internacional Initiative Sports Futures, a F-1 é o segundo evento esportivo de maior audiência no mundo, com picos de 80 milhões de espectadores -só perde para a final da NFL, a liga de futebol americano.
"Os clientes não associam o Sandero ou o Logan diretamente aos carros de F-1, mas sabem que temos a tecnologia para fabricar desde carros de baixo custo até os mais moderno", diz Moulonguet. Há duas semanas, a Renault anunciou que fabricará, na Índia, seu carro de US$ 2.500, como a Tata.


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