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Das ruas para as pistas
Limitações da FIA na F-1 levam montadoras a "importarem" tecnologia dos carros de rua
FELIPE NÓBREGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Desde que a Fórmula 1 foi
criada, em 1950, sempre serviu
de laboratório para as montadoras testarem as novas tecnologias para os carros de passeio.
Nos últimos anos, porém, a
FIA (Federação Internacional
de Automobilismo) vem banindo certos equipamentos eletrônicos, como a suspensão ativa e
o controle de tração, em nome
da maior competitividade entre as equipes de F-1.
Mas será que isso pode frear
o desenvolvimento dos carros
de rua? O presidente da FIA,
Max Mosley, diz que não.
"Pesquisas e desenvolvimentos que forem relevantes para
os carros de passeio serão estimulados na Fórmula 1", diz.
No ano passado, quando a
FIA anunciou a proibição do
controle de tração -sistema
que evita as derrapagens nas
saídas de curva-, Mosley disse
à Folha que as discussões com
as montadoras sobre o futuro
da categoria serão constantes.
Outro objetivo da entidade é
transformar a Fórmula 1 em
um esporte que seja "ecologicamente correto".
Criatividade
Para Rogério Gonçalves,
coordenador técnico da Petrobras para a equipe Williams, as
limitações da FIA podem até
estimular o avanço de tecnologias alternativas. Ele afirma
que a gasolina terá a concentração de biocombustíveis elevada
de 5,75% para 10%.
"As montadoras não dependem só da F-1 para desenvolver
seus produtos. A própria BMW
fabricava carros de ponta antes
de entrar na competição [em
1982]. Mas o esporte estimula,
sim, essa evolução", afirma o
engenheiro, que trabalha na categoria há dez anos.
Paulo Scaglione, membro do
conselho mundial de esporte
da FIA e presidente da CBA
(Confederação Brasileira de
Automobilismo), também defende a limitação tecnológica
na categoria. "Os monopostos
estavam muito velozes, isso era
um risco aos pilotos", afirma.
Nos próximos anos, a categoria pretende estrear novas tecnologias, como freios regenerativos -geram energia para o
motor ao frear-, herança dos
carros híbridos de rua.
Para o vice-presidente do
grupo Renault, Thierry Moulonguet, mais do que um laboratório, a competição é uma
ótima vitrine para a marca.
"A Fórmula 1 ainda é o melhor esporte para uma montadora investir. São 18 provas durante o ano, o que deixa a marca
mais exposta que, por exemplo,
na Copa do Mundo."
Segundo a consultoria internacional Initiative Sports Futures, a F-1 é o segundo evento
esportivo de maior audiência
no mundo, com picos de 80 milhões de espectadores -só perde para a final da NFL, a liga de
futebol americano.
"Os clientes não associam o
Sandero ou o Logan diretamente aos carros de F-1, mas
sabem que temos a tecnologia
para fabricar desde carros de
baixo custo até os mais moderno", diz Moulonguet. Há duas
semanas, a Renault anunciou
que fabricará, na Índia, seu carro de US$ 2.500, como a Tata.
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