São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004

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População cada vez mais alta faz montadoras investirem em modelos que oferecem um espaço interno maior, como as minivans

Para não bater a cabeça

Fernando Moraes/Folha Imagem
O jogador de vôlei Marcelo Negrão, de 2,00 m, reclama do espaço do Peugeot 206, modelo que usa durante suas férias no Brasil


RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Não é só na hora de comprar roupa e sapato que os altos sofrem. Dirigir confortavelmente também é tarefa complicada para os motoristas com mais de 1,80 metro. Antenadas, as montadoras já atentaram para o fato de que a população vem crescendo.
"A indústria pensa em acompanhar esse crescimento. A estatura das pessoas hoje é muito diferente de há 40 anos. Por isso o espaço interno [dos carros de passeio] passa a ser mais valorizado. A existência das minivans é prova disso", diz Ari Kempenich, 36, de 1,83 m, gerente de marcas médias e grandes da General Motors.
Estudo do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que, de 1989 a 1997, o homem brasileiro teve aumento médio de três centímetros em sua altura. A mulher teve dois.
Segundo o endocrinologista Omar Hauache, assessor médico do Centro de Medicina Diagnóstica Fleury, além da alimentação, há questões evolutivas envolvidas. "A tendência é o ser humano ficar cada vez mais alto", diz.
Ele cita o exemplo de uma pesquisa em que, entre 1899 e 1999, a University of South Australia acompanhou crianças e adolescentes de cinco a 17 anos. A universidade constatou ter havido crescimento médio de 1,02 centímetro por década -ou seja, ao final do estudo, o ser humano estava 10 cm maior. O resultado, diz Hauache, pode ser aplicado à população bem nutrida do Brasil.
Natan Vieira, 36, de 1,97 m, gerente de marketing da Ford, diz que a empresa leva em conta essa tendência. "É justamente por esse motivo que os carros compactos têm tido um aumento interno."
Mas nem sempre é assim. Com 2,00 m, o jogador de vôlei Marcelo Negrão, 31, reclama de dirigir o Peugeot 206 de sua mulher -ele atua no Japão, mas está de férias no Brasil. "Meu joelho sofre, tenho de ficar parando o carro para esticar as pernas."
A modelo Ana Hickmann, 23, de 1,85 m (1,20 m só de pernas), queixava-se do mesmo problema. Agora, se "achou" dentro de um Fox. "Fiquei impressionada quando fiz a propaganda do carro [depois, a fábrica lhe cedeu uma unidade]. Não é mentira, cabe gente grande dentro", garante.

Nem tão baratos
Os modelos mais citados pelos altinhos como confortáveis, porém, não são exatamente "populares" (veja quadro com opções produzidas no Mercosul).
"Para você comprar um, precisa ser baixo", afirma o compositor Edson Zamprona, 41, de 1,94 m. Sua dificuldade é acomodar os joelhos. "Se tenho de frear numa emergência, para tirar o pé do acelerador e pisar no freio, bato o joelho na direção. É perigoso."
Em geral, a conta bancária tem de ser proporcional à altura de quem precisa de um carro espaçoso. Há, no entanto, opções não tão caras. É o caso do Volkswagen Fox 1.0, que custa a partir de R$ 24.152. O Ford Fiesta básico sai por R$ 24.690, e o Chevrolet Corsa começa em R$ 24.990.
Volante com coluna regulável, importante para quem tem pernas longas, ainda é privilégio das versões mais caras. No caso da Renault Scénic, a direção ajustável e o banco com regulagem de altura só estão disponíveis na versão Expression, que custa R$ 49.830 (a de entrada sai por R$ 44.570). A boa notícia deve chegar em 2005: a montadora planeja oferecer os dois como itens de série na minivan básica.


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