São Paulo, domingo, 5 de abril de 1998

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TECNOLOGIA
Tema foi abordado em seminário
Cai influência da F-1 em carros de passeio

da Reportagem Local

A F-1 trouxe várias inovações aos carros de passeio -e esse discurso sempre foi frequente. O fato é que a contribuição da categoria é cada vez menor -há cerca de duas décadas pouco de relevante, em termos de tecnologia, é transmitido aos automóveis.
Essa é uma das conclusões a que se pode chegar a partir do seminário "As Fronteiras da Tecnologia", um dos eventos pré-GP Brasil.
Como um fotógrafo, que usa uma câmera manual para "trabalhar" imagens, os pilotos preferem um carro sem determinados recursos. Caso do sistema de freios ABS, que corrige a trajetória do veículo -um bom piloto opta por fazer ele mesmo a manobra.
"Um dos principais benefícios da categoria hoje é o sentido de urgência com que é preciso solucionar problemas, fazendo uso da alta tecnologia", afirma John Taube, principal engenheiro da Goodyear para preparo de pneus de corrida.
"Há características comuns para superar desafios em ruas e corridas." Mas ele confirma intervenções da FIA (Federação Internacional de Automobilismo, a toda-poderosa entidade que rege a F-1) para diminuir os avanços.
Em alguns casos, a transferência de tecnologia vem até da área aeroespacial, passa pela F-1 e chega aos carros de passeio. O exemplo é dado por Chris Lee, diretor de tecnologia da British Aerospace, que acaba de firmar uma parceria com a hegemônica equipe McLaren.
"Temos um histórico em indústria de defesa. Mas, por uma questão de confidencialidade com a McLaren, também não posso dar mais detalhes disso que chamamos de engenharia de competição", afirma Lee.
O fato é que, mesmo sem o revolucionário sistema de freios, proibido na prova de uma semana atrás, em Interlagos, a equipe repetiu a façanha da Austrália e ganhou de ponta a ponta a corrida.
"É claro que a solução do carro passa principalmente por design e aerodinâmica", disse Lee à Folha, para depois fazer propaganda: "Acho que a contribuição da British é o segredo do sucesso da McLaren". Para ele, de nada vão adiantar proibições por parte dos "cartolas", pois os técnicos sempre vão buscar fórmulas novas.
Já quanto a afirmar que a categoria está cada vez mais diminuindo o talento do piloto para privilegiar aqueles que têm a melhor máquina, ele considera uma questão "difícil" -e reconhece isso como um fato real e que, informalmente, foi criada neste ano uma "categoria B" na F-1, ou seja, os pilotos que não são da McLaren.
Luiz Rosenfeld, diretor técnico da Mitsubishi, mostrou um vídeo do modelo HSR4, superfuturista -mas já ultrapassado, segundo ele, pelo HSR6- que tem cockpit (local onde fica o piloto ou motorista) que protege a pessoa.
Os controles eletrônicos de olhar -sim, o carro ajusta banco, espelhos e outros elementos de acordo com o campo de visão do motorista- não teriam vindo da F-1.
(LUÍS PEREZ)


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