São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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ENERGIA ALTERNATIVA
Alunos de mecânica da FEI desenvolvem sistema de refrigeração que não retira potência do motor
Ar-condicionado utiliza calor do escape

da Reportagem Local

Alunos de engenharia mecânica da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), de São Bernardo do Campo, em São Paulo, desenvolveram um projeto de ar-condicionado para veículos que não retira potência do motor, como acontece nos sistemas convencionais.
O ar-condicionado desenvolvido pelos alunos é denominado Projeto TOT's e utiliza como fonte de energia o calor produzido no escapamento.
De acordo com o professor de mecânica Airton Nabarrete, o princípio de funcionamento do equipamento é o mesmo usado nos sistemas de refrigeração de algumas décadas atrás.
Neles, o ar frio era obtido por meio de máquinas a vapor ou pela queima de querosene.
No sistema alternativo, o compressor -equipamento que eleva a pressão do gás freon ou CFC (clorofluorcarboneto) para originar a refrigeração- é substituído por componentes denominados trocador de calor e absorvedor, além de uma pequena bomba elétrica para movimentar uma mistura de água com sal.

Economia de potência
O CFC é um gás que, em reação com o ar na estratosfera (situada acima de 12 mil quilômetros do solo), prejudica a camada de ozônio que envolve o planeta. Essa camada protege contra os raios nocivos do Sol.
Por esse motivo, os sistemas de refrigeração de automóveis têm sido substituídos pelo R 134 A, gás inócuo na atmosfera.
O compressor no ar-condicionado convencional funciona ligado ao motor do veículo, de onde retira energia para funcionar.
"No nosso sistema não há "roubo' de potência. Consequentemente, há uma economia de combustível", explica. Em alguns casos, o ar-condicionado em funcionamento chega a retirar até 10% da potência do motor.

Preço
Outra vantagem apresentada por Nabarrete é a ausência de vazamento de gás freon ou de CFC no sistema alternativo, uma vez que o conjunto não utiliza essas substâncias para trabalhar.
O sistema funciona com uma mistura de água e sal (bromato de lítio), substância que auxilia na produção do ar refrigerado.
A desvantagem, segundo Nabarrete, é o tamanho do equipamento usado, de 10% a 20% maior que o convencional, tendo como base um sistema de ar-condicionado que equipa ônibus. O projeto ainda não foi testado em carros.
O equipamento alternativo custa cerca de R$ 3.000 a menos, também quando comparado ao sistema de refrigeração de ônibus.
"Como o componente mais caro é substituído -no caso, o compressor-, o conjunto acaba ficando mais barato", completa Nabarrete. (LUCIANO SOMENZARI)



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