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Poluição ambiental
Carro fechado, mesmo com ar-condicionado, concentra poluentes além do recomendado pela OMS e faz motorista respirar pior ar que pedestre
FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL
Relógios alertando para a má
qualidade do ar não são novidade. O que poucos sabem, porém, é que os motoristas estão
mais vulneráveis a gases tóxicos do que os pedestres.
Um estudo feito para a Folha
pelo Eco Quest do Brasil, que
monitora a qualidade do ar em
interiores, avaliou o ar em um
carro fechado com duas e quatro pessoas durante uma hora
na região central de São Paulo.
Em apenas quatro minutos,
o valor de CO (monóxido de
carbono) em um carro com o
motorista e um passageiro superou em até quatro vezes o limite estabelecido pela OMS
(Organização Mundial da Saúde) para ambientes fechados.
E usar o ar-condicionado não
adianta. Os testes foram feitos
com o equipamento ligado e
admitindo o ar externo.
"Mesmo com o ar-condicionado, o carro fechado ganha
pouco ar de fora. Melhora só se
abrirmos os vidros", explica
Maria José Silveira, da Brasindoor (Sociedade Brasileira de
Meio Ambiente e Controle de
Qualidade do Ar de Interiores).
"O carro é uma espécie de câmara de intoxicação. A poluição entra e não sai", diz Paulo
Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP (Universidade de São Paulo).
Segundo ele, testes revelam
que a concentração de partículas tóxicas no interior do veículo fechado é o quádruplo do
que na calçada ao lado.
Para Silveira, o problema é
não haver, em nenhum lugar
do mundo, uma norma específica para os carros. Por isso as
montadoras mantêm os filtros
de ar-condicionado antipólen.
"Eles evitam crises alérgicas
em época de polinização, e não
a entrada de gases tóxicos."
Procurada pela Folha, a Anfavea (associação de fabricantes de veículos) não comentou.
Vidro aberto
Além do CO -gás liberado
pelo escapamento-, o interior
do carro fechado concentra
CO2 (dióxido de carbono) -gás
produzido pela respiração.
No estudo feito para a Folha,
20 segundos após a abertura
dos vidros dianteiros, a quantidade de CO2 caiu de 1.650 ppm
(partes por milhão) para 1.080
ppm, 80 ppm acima do limite
da OMS. E estabilizou-se em
370 ppm em cinco minutos.
Por ter propriedades químicas que o impedem de se dispersar com tanta facilidade, o
CO levou quatro minutos para
que sua concentração caísse de
297 ppm para 210 ppm -o limite da OMS é de 25 ppm. A
partir do 12º minuto, manteve-se estável em 77 ppm.
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