São Paulo, domingo, 06 de maio de 2007

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Carros santificados

Bento 16 segue tradição e usa veículo da Mercedes-Benz; papas já tiveram Ford e British Leyland

Vincenzo Pinto - 22.abr.2007/France Presse
Papamóvel levou Bento 16 ao 'encontro' das relíquias de santo Agostinho


JOSÉ AUGUSTO AMORIM
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS

Há exatamente uma semana, chegaram à Base Aérea de São Paulo os veículos que vão transportar o papa Bento 16 a partir de quarta-feira. Guardados a sete chaves, um papamóvel será usado em São Paulo, e outro, em Aparecida.
O atual papamóvel foi usado pela primeira vez em junho de 2002, durante o Encontro Mundial da Juventude em Toronto (Canadá). Ele é baseado no Mercedes-Benz ML 430 -o Classe M atual é diferente.
Pela primeira vez, o local iluminado para que o papa seja visto não é quadrado. O rascunho inicial, baseado no modelo anterior (um Classe G), previa um cubo de "plástico avançado", e não vidro blindado, pois era mais fácil removê-lo.
Quando a DaimlerChrysler entregou o carro, contudo, trocou o plástico pelo vidro. Foi criada uma superestrutura que se estende além das portas dianteiras, formando uma moldura para as largas janelas.
Como o G, o M foi pintado de branco perolizado. O motor é o mesmo que o Classe M oferecia: um 4.3 V8 (oito cilindros em "V"), com 272 cv (cavalos). Hoje, ele é 5.0 e gera 306 cv.

O primeiro carro
Antigamente, porém, eram usadas carruagens para viagens, procissões e outras aparições públicas dos pontífices.
O automóvel foi criado em 1886, mas o primeiro carro no Vaticano demorou a aparecer. Por seis décadas, em protesto político, os pontífices não saíram da Cidade do Vaticano, já que não reconheciam Roma como capital italiana e a região não era reconhecida como país.
Some-se à questão política o fato de Pio 10 (1903-1914) e Bento 15 (1914-1922) não se interessarem por automóveis.
Foi então que Pio 11 (1922-1939) aceitou que a Mercedes-Benz adaptasse um Nürburg 460. Com trono revestido de seda e a pomba que representa o Espírito Santo bordada no teto, foi entregue em 1930. Ele rodou 40 mil quilômetros.
A partir de então, a Mercedes nunca mais saiu do Vaticano, mas nem sempre ela viaja com o papa. É até comum que fabricantes locais construam um modelo para o pontífice.
A Ford adaptou um Lincoln Continental para que Paulo 6º (1963-1978) usasse em Nova York em 1965. Com 6,1 m de comprimento, a limusine preta tinha um trono que podia subir 30 cm e luzes fluorescentes para iluminar o interior.
O Vaticano pediu algumas modificações três anos depois e o carro foi de navio para a Colômbia, onde ocorreu o 39º Congresso Eucarístico.
A British Leyland montou um papamóvel para João Paulo 2º viajar pela Escócia em 1982. Com 24 toneladas e à prova de bombas, rodou 18 mil quilômetros. Foi recentemente leiloado: esperava-se um lance máximo de 20 mil libras (R$ 85,4 mil na cotação atual), mas chegou a 37 mil libras (R$ 158 mil).


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