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Ranking "verde" é confuso
Ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia divergem sobre carro "limpo"
FELIPE NÓBREGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vésperas da conferência
de Copenhague, o governo brasileiro não se entende sobre os
critérios para classificar carros
"limpos" e econômicos.
Os ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia divulgaram classificações próprias na semana passada.
O problema é que, agora, atribuem notas diferentes -às vezes, opostas- para um mesmo
modelo, gerando confusão para
o consumidor que quiser escolher seu próximo carro de acordo com o ranking de emissões.
Na semana passada, o Ministério do Meio Ambiente apresentou a nova edição da Nota
Verde, que agora usa dados de
homologação e passa a atribuir
estrelas para os carros mais
"limpos" -de uma a cinco.
Na quinta-feira, porém, o Ministério de Minas e Energia
apresentará sua versão atualizada do programa de etiquetagem. Ele classifica os veículos
de acordo com a eficiência
energética, apontando o consumo de combustível de cada modelo dentro do segmento. Como em geladeiras, as notas variam de "A" (bom) a "E" (ruim).
Para Paulo Saldiva, coordenador do laboratório de poluição atmosférica da USP, as tabelas poderiam ser unificadas,
já que as emissões de CO2 (gás
carbônico) e o consumo de
combustível, em geral, são diretamente proporcionais.
"O fato de o consumidor ter
acesso aos dados de emissões é
um grande avanço [até setembro, as montadoras não divulgavam], mas a consulta pode
gerar confusão", diz Saldiva.
Notas opostas
Como a nota dá importância
maior aos gases limitados pela
legislação -CO (monóxido de
carbono), HC (hidrocarbonetos) e NOx (óxido de nitrogênio)-, o ranking do Ministério
do Meio Ambiente aponta como "verde", por exemplo, a Fiat
Idea 1.8 (cinco estrelas), classificada como "beberrona" (conceito "E") pelo Ministério de
Minas e Energia.
Segundo Francisco Nigro,
professor de mecânica da Poli-USP, a unificação das tabelas é
possível, tecnicamente .
"Melhor seria se atribuíssem
pesos distintos a cada fator, diferenciando até os gases mais
letais, como HC", opina.
O Ibama, responsável pelo
ranking de emissões da Nota
Verde, homologa todos os veículos comercializados no país,
mas não explica, por exemplo,
por que modelos potentes e beberrões, como o utilitário Ford
Edge V6, não aparecem no ranking. Até o Hyundai i30, segundo hatch médio mais vendido,
ficou de fora da lista.
Na Europa, as emissões determinam a incidência de impostos sobre os carros. E sempre consideram o CO2, gás responsável pelo efeito estufa e
ignorado pela lei brasileira.
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