São Paulo, domingo, 06 de dezembro de 2009

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Ranking "verde" é confuso

Ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia divergem sobre carro "limpo"

FELIPE NÓBREGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas da conferência de Copenhague, o governo brasileiro não se entende sobre os critérios para classificar carros "limpos" e econômicos.
Os ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia divulgaram classificações próprias na semana passada.
O problema é que, agora, atribuem notas diferentes -às vezes, opostas- para um mesmo modelo, gerando confusão para o consumidor que quiser escolher seu próximo carro de acordo com o ranking de emissões.
Na semana passada, o Ministério do Meio Ambiente apresentou a nova edição da Nota Verde, que agora usa dados de homologação e passa a atribuir estrelas para os carros mais "limpos" -de uma a cinco.
Na quinta-feira, porém, o Ministério de Minas e Energia apresentará sua versão atualizada do programa de etiquetagem. Ele classifica os veículos de acordo com a eficiência energética, apontando o consumo de combustível de cada modelo dentro do segmento. Como em geladeiras, as notas variam de "A" (bom) a "E" (ruim).
Para Paulo Saldiva, coordenador do laboratório de poluição atmosférica da USP, as tabelas poderiam ser unificadas, já que as emissões de CO2 (gás carbônico) e o consumo de combustível, em geral, são diretamente proporcionais.
"O fato de o consumidor ter acesso aos dados de emissões é um grande avanço [até setembro, as montadoras não divulgavam], mas a consulta pode gerar confusão", diz Saldiva.

Notas opostas
Como a nota dá importância maior aos gases limitados pela legislação -CO (monóxido de carbono), HC (hidrocarbonetos) e NOx (óxido de nitrogênio)-, o ranking do Ministério do Meio Ambiente aponta como "verde", por exemplo, a Fiat Idea 1.8 (cinco estrelas), classificada como "beberrona" (conceito "E") pelo Ministério de Minas e Energia.
Segundo Francisco Nigro, professor de mecânica da Poli-USP, a unificação das tabelas é possível, tecnicamente .
"Melhor seria se atribuíssem pesos distintos a cada fator, diferenciando até os gases mais letais, como HC", opina.
O Ibama, responsável pelo ranking de emissões da Nota Verde, homologa todos os veículos comercializados no país, mas não explica, por exemplo, por que modelos potentes e beberrões, como o utilitário Ford Edge V6, não aparecem no ranking. Até o Hyundai i30, segundo hatch médio mais vendido, ficou de fora da lista.
Na Europa, as emissões determinam a incidência de impostos sobre os carros. E sempre consideram o CO2, gás responsável pelo efeito estufa e ignorado pela lei brasileira.


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