São Paulo, Domingo, 07 de Novembro de 1999 |
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NACIONAL Empresário apaixonado pelo jipe volta a fabricá-lo em Londrina (PR); nova versão traz motor diesel Engesa 4 "renasce" agora como Envesa
da Reportagem Local No mundo dos carros, o improvável acontece; ressurreição, por exemplo. Mais um exemplo dessa característica do segmento é o velho jipe Engesa 4, "morto" depois da falência da empresa, em 93. O carro "renasceu" em Londrina (PR) com novo nome: Envesa. A idéia partiu de Rosnel Wolney Leite, um empresário apaixonado pelo carro. Distribuidor de peças para veículos da também extinta DKW, Leite foi vítima do chamado "cuspe para cima". "Falei para um amigo meu, quando vi um Engesa pela primeira vez, que eu nunca teria um. Hoje, eu os fabrico! Caiu na testa", disse ele à Folha, durante o 3º Festival Brasil Off-Road. Leite comprou peças para fabricar o carro que restavam na empresa falida. Em princípio, para montar carros para ele e para amigos. "Fizemos nove, depois pediram mais 40, e o interesse e a procura foram crescendo." Isso levou o empresário a adquirir as peças restantes, suficientes para montar mais de cem carros, em dois lotes. O primeiro foi adquirido em 97, enquanto o segundo veio no ano passado. Leite diz que foi preciso adaptar o Envesa às condições atuais do mercado. "Usamos novas peças, de carros que existem no país inteiro, o que permite uma manutenção acessível. Enquanto as de outros jipes custam muito, as do Envesa são baratas, e em reais." Esse trabalho rendeu pelo menos dois itens que devem fazer sucesso com as pessoas que apreciam conforto: o carro agora vem equipado com direção e embreagem hidráulica, de acionamento bem mais suave que as originais. Há ainda um engate na parte da frente que permite levar o jipe rebocado por outro veículo, como se ele fosse uma carreta. Duro será encontrar um carro que arraste os 1.600 kg do Envesa, tarefa complicada até para picapes pesadas. Por partes O carro será oferecido apenas na versão a diesel, com motor Maxion S4, por R$ 33,5 mil, um preço bastante razoável para o segmento de veículos fora-de-estrada. "Gastei apenas R$ 30 para vir de Londrina até aqui." Isso foi uma das melhorias que o carro apresentou sob o novo nome. O motor originalmente usado pelo Engesa 4 era o 2.5 de quatro cilindros do Opala, com consumo para lá de alto e torque de 19,4 kgfm, nada desprezível, mas bem inferior aos 28 kgfm que o motor a diesel proporciona. "A versão a gasolina eu só faço por encomenda e com motor recondicionado. Uso o 4.1 de seis cilindros da GM, mas sai muito caro. Com motor novo, é inviável. Não compensa comercializá-lo." A maleabilidade da produção pequena permite a Leite fazer algo inimaginável para outras montadoras: vender partes do carro. "Tem gente que chega para mim e diz: quero só a carroceria porque eu tenho o motor e o câmbio, você faz? Com certeza." Essa estratégia de vendas se deve ao estilo do comprador potencial do Envesa, o jipeiro. "Ele é um cliente que entende muito de mecânica e que corre atrás. Se ele acha que pode fazer melhor negócio levando só a carroceria, a gente negocia." Histórico Conhecido por ser um jipe muito robusto, o Engesa 4 nasceu de uma fábrica de veículos de guerra, a Engesa, que produzia os blindados Urutu e Cascavel, por exemplo, usados pelo Exército brasileiro e por países do Oriente Médio. Derivado do jipe militar EE-12, veículo de apoio a blindados, ele foi apresentado no salão do automóvel de 1984. O interesse das pessoas fez com que ele entrasse em produção. O mesmo interesse o trouxe de volta. A Folha, a partir desta edição, inclui o carro em sua tabela de preços. (GHR) Texto Anterior: BMW X5 tenta criar uma nova categoria Próximo Texto: Cartas Índice |
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