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Carros artísticos
Fotos vendidas por mais de R$ 4.000 captam a "alma" dos veículos
FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Não, não preciso de ti como
do ar que respiro." A frase, de
autoria do poeta Mário Margutti, seria apenas mais uma citação romântica se não tivesse
sido "dita" por um Pegaso 1956.
No livro "Ultrapassagens"
(Camera Books, 2006), da fotógrafa Cristina Oldemburg, os
carros viram arte por trás das
câmeras. Na Europa e nos Estados Unidos, uma foto que misture arte e amor por carros pode custar mais de R$ 4.000.
Na Califórnia, por exemplo,
centros de fotografia de estado-da-arte, como o Miad Design,
fundado há 32 anos, promovem
cursos para estreantes de fotografia, além de exposições nos
principais salões de automóveis dos Estados Unidos.
Mike Bischetsrieder, fundador do Miad, conta que é preciso entender a "alma" dos carros
para fotografá-los. "A boa foto
capta a essência do veículo, e
não apenas sua função como
meio de transporte", afirma.
Dependendo da complexidade do trabalho -e isso inclui
luz artificial, locações e objetivo da foto-, uma única pose
atinge US$ 1.825 (R$ 3.825), segundo Bischetsrieder.
Na Europa, a chamada fotografia de arte fina também tem
mercado cativo entre os entusiastas das quatro rodas. A inglesa F. Cornish, por exemplo,
expõe fotos de carros antigos
pelo Reino Unido e as vende
pelo preço médio de 450 libras
(R$ 1.848). Mas já chegou a cobrar 1.000 libras (R$ 4.100) pelo detalhe da silhueta de um
Ferrari Dino 1969 vendido a
um colecionador galês.
Jóias e adereços
O fotógrafo free-lancer
Webb Bland também busca na
arte a inspiração para suas fotos. Mesmo com carros mais
modernos, como o Nissan
350Z, Bland procura "brincar"
com as luzes natural e artificial.
No Brasil, a fotografia fina de
carros ainda é pouco difundida.
Ainda assim, Cristina Oldemburg diz que "o brasileiro está
descobrindo a fotografia de
carros como arte". Em 70 fotos
clicadas nos últimos dez anos,
ela conta que busca um olhar
feminino sobre o automóvel,
hobby basicamente masculino.
"Quero mostrar o carro como
objeto de arte, seus adereços,
suas jóias", afirma Oldemburg,
que faz fotos ao ar livre. "Busco
detalhes que qualquer um pode
ver e se deliciar. Basta ser atento e apaixonado por carros."
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