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São Paulo, domingo, 13 de julho de 2003

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INOVAÇÃO

Com apelo nostálgico, SSR atola durante teste

General Motors aposta no design e lança nos EUA picape roadster

Edson Franco/Folha Imagem
A picape SSR produzida pela GM nos EUA, tem um teto formado por três lâminas de metal que podem ser recolhidas e transformam o modelo num conversível


EDSON FRANCO
ENVIADO ESPECIAL A DETROIT (EUA)

A General Motors acordou. Para se fazer notar em ruas habituadas ao desfile de modelos com desenho ousado -o Prowler e o PT Cruiser, da Chrysler, são exemplos-, a gigante norte-americana decidiu dar alforria à criatividade do pessoal pago para extrair formas das pranchetas. E a picape SSR é, até o momento, o mais reluzente fruto da estratégia.
"Hoje, muito mais do que no passado, o design diferencia os carros e norteia as decisões de compra", pontifica Bob Lutz, vice-presidente para Desenvolvimento de Produtos da montadora. Com isso em mente, os engenheiros criaram um modelo que funde a capacidade de carga das picapes, o poder de sedução esportiva dos roadsters e a versatilidade dos conversíveis.
Tudo está embalado em um pacote de apelo nostálgico, mas nunca retrô, adjetivo que provoca calafrios nos executivos da empresa. "Nossa tradição nesse tipo de veículo é tão rica e diversificada que o time achou várias maneiras de desenvolver uma picape que não fosse mera réplica, mas sim uma interpretação moderna", como prefere definir o presidente Rick Wagoner.

As origens
Para entender como esse acúmulo de linhas curvas e inspiração art déco ganhou vida, é preciso voltar a 1947, ano em que a GM lançou a picape Chevy Advance Design, que permaneceu na linha de montagem até 1955. Como sua cria, o modelo original era pequeno, tinha teto arredondado e ostentava uma grade dianteira pautada por barras horizontais.
Pronto, acabaram as semelhanças. E mesmo nesses pontos as diferenças proliferam. O teto da SSR é formado por três lâminas de metal que, com um toque de botão, recolhem-se suavemente em um compartimento nas costas dos ocupantes. Se a grade de 1947 se fazia notar pela imponência, a atual prima pela delicadeza, realçada por uma barra cromada que invade a circunferência dos faróis.
No interior, há uma farta distribuição de couro e cromados, o que dá um aspecto de esportividade. A forma circular e a distribuição dos instrumentos no painel revelam uma imperativa inspiração européia, mais especificamente italiana. É impossível não se sentir a bordo de um Alfa 156.
Avaliada pela Folha nas cercanias do autódromo de Milan (cerca de 80 quilômetros de Detroit), a picape deixou claro que, se visualmente pouco há para ser melhorado, existem alguns ajustes internos que pedem solução nas versões futuras.
Mesmo se levando em consideração que se trata de um modelo conversível, a SSR pouco se esforça na tarefa de manter os ruídos do lado de fora do veículo. Com o teto e os vidros fechados, o som do vento insistia em competir com a programação de jazz que emanava dos alto-falantes.
Entre velocidade e força tracional, os engenheiros da montadora optaram pela primeira. Ao procurar um local idílico para a produção de uma foto, a reportagem atolou o eixo traseiro do modelo numa valeta com menos de um palmo de profundidade, no meio de uma região cercada por plantações de milho. Foi necessária a intervenção de uma picape maior para sair da depressão.

Agilidade
Concluídos os senões, a SSR é um carro daqueles que unem os substantivos "direção" e "diversão". Seu motor fornece potência de sobra e mantém um relacionamento feliz com um câmbio que, apesar de automático, responde inteligentemente às pressões do pé direito do condutor e não produz aqueles soluços característicos enfrentados em transmissões menos bem ajustadas.
Os norte-americanos que se sentirem tocados pela nova picape terão de ser pacientes para conseguir uma. Por enquanto, só existem 25 modelos assinados e numerados pelos técnicos da montadora. Entre eles, o número 1 não está à venda. Vai direto para a coleção histórica da fábrica.
Em agosto, a coisa começa a ficar menos difícil, pois a empresa prevê já ser possível encontrar os modelos produzidos em série nas revendedoras autorizadas da marca. Como é considerado pela própria GM um carro de nicho, apenas um total de 14 mil a 15 mil unidades deixará a linha de montagem anualmente.
Previsões de chegada ao Brasil? Nem no sonho mais delirante dos executivos ouvidos pela Folha. "Mas algumas inovações desse e de outros carros da marca, como o novo Cadillac 16, estarão presentes nos modelos desenvolvidos no país", compensa Carlos Barba, mexicano responsável pelo design da empresa no Brasil.


Edson Franco, editor de Veículos e Construção, viajou a convite da General Motors do Brasil


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