São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008

Próximo Texto | Índice

Longe da guilhotina

Mégane ganha equipamentos por R$ 77,5 mil, R$ 10 mil a menos que 407, que fica mais simples

teste folha-mauá

Filipe Redondo/Folha Imagem
Por fora, é difícil notar que o Mégane Privilège tem frisos cromados na grade e na lateral

FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL

A vida dos franceses nunca foi fácil no Brasil. Comeram o pão que o diabo amassou no século 17 e, mesmo quando vieram em missão artística, há quase 200 anos, sofreram nas mãos de d. João 6º.
E continuam sofrendo. A Renault e a Peugeot carregam a fama de terem carros frágeis e de manutenção cara, mesmo com até três anos de garantia.
Para piorar, a Renault ainda cometeu uma série de erros de estratégia, entre eles, lançar primeiro o Mégane 1.6 16V "flex", o mais barato da linha.
Em entrevista à Folha, em março, Jérôme Stoll, presidente da Renault no país, disse que agora trabalha "para consertar esse erro". Ou seja, o carro da foto ao lado é o que deveria ter sido lançado em 2006. A versão 2.0 16V Privilège, abarrotada de equipamentos, é a certa para o mercado de São Paulo, comentou o próprio Stoll.
Antes tarde do que nunca. Ainda mais num momento de concorrência forte, com o novo Toyota Corolla e o Honda Civic, que já vieram para abocanhar essa demanda reprimida em busca de um carro completo logo no lançamento. Juntos, esses japoneses detêm pouco mais da metade do segmento.
O que o Mégane vendeu no primeiro semestre deste ano (4.609 unidades) é o que vende o Civic num mês fraco.

Mazzaropi
A explicação? O Mégane sempre foi um tanto Mazzaropi: idolatrado pelo grande público e incompreendido pelas elites, que, na prática, deveriam consumir a arte -e o carro.
E olha que o sedã da Renault tem qualidade, bom acabamento e preço. Por R$ 58.850, você leva a versão Expression 2.0 16V (138 cavalos) com câmbio automático de quatro marchas, ar-condicionado, trio e direção elétricos -e não hidráulica-, freios com ABS (antitravamento), airbag duplo e calotas de aro 15. Por que, então, pagar mais R$ 20 mil pela Privilège?
Bom, nela há também bancos de couro, ar digital, rodas de 16 polegadas, sensores de chuva e de obstáculos traseiros, além de frisos cromados aqui e acolá.
Na rua, poucos sabem que se trata da versão topo de linha. Os penduricalhos aumentam o peso (1.355 kg) e prejudicam seu desempenho. Segundo o teste Folha-Mauá, o Mégane precisou de 13,06s para atingir 100 km/h e levou 10,09s para ir de 80 km/h a 120 km/h.
Foi mais lento que o Peugeot 407 2.0 16V (143 cv), maior e mais pesado (1.613 kg). Na nova versão Allure, o 407 -também para aumentar as vendas- perdeu equipamentos. E seus concorrentes diretos, o Renault Laguna e o Citroën C5, nem são mais importados.
O 407 é o mesmo desde 2005, enquanto, na Europa, há dois meses, recebeu pequenos retoques na lanterna traseira e nos pára-choques. Lá, na frente, a grade parece que ganhou aparelho fixo, daqueles que "enfeitam" bocas adolescentes.
De novo, por aqui, só mesmo o preço. Ele sai por R$ 87,5 mil com os mesmos equipamentos do Mégane Expression, mas com rodas de 16 polegadas.
Os bancos usam um veludo requintado, e há acabamento prateado no console central, recheado de botões para o ar digital e para o toca-CDs. Falta, porém, espaço no banco traseiro, mazela também do Mégane.
Difícil é pensar que há concorrentes como Ford Fusion e Volkswagen Jetta, que custam o mesmo. Definitivamente, no Brasil, os franceses precisam matar um leão por dia.

Os carros foram cedidos para teste pelas montadoras

INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA
www.maua.br
0/xx/11/4239-3092



Próximo Texto: Retrô, Challenger dá fama instantânea
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.