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São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 2003

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HATCHBACK

Apesar dos 3 cv a mais, motor 1.6 tem desempenho levemente inferior; acabamento interno é em duas cores

Pés não sentem as mudanças no novo Clio

JOSÉ AUGUSTO AMORIM
ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU

A preocupação dos executivos com a estética é cada vez maior. Então, por que não passá-la para seus produtos? Foi exatamente o que a Renault fez com o Clio, que na Europa já mudou dois anos atrás. As alterações "invisíveis" estão nos motores 16V ligeiramente mais potentes e no interior com acabamento em dois tons de cinza.
Essa cara mais "enfezada" tem o objetivo de, a partir do dia 20, atrair mais homens a uma autorizada em busca do Clio. A Renault também cansou de ouvir que seu produto vende pela relação custo/benefício, e não por identidade. "Vamos aumentar o desejo de ter um Clio, passar a imagem de um carro com personalidade", diz o diretor de marketing da montadora, Antônio Megale.
Apesar da intenção, o modelo continua sendo uma boa opção. O preço da versão de entrada -agora chamada Authentique, como na Europa- é o mesmo da antiga Yahoo!. São R$ 17.990, e airbag (bolsa de ar que infla em batidas) e ar-condicionado continuam custando R$ 3.000.
Ele só não é mais barato que o Fiat Palio 1.0 Fire, de R$ 16.782,68, e que, apesar da carroceria nova, mantém o painel da geração anterior. No novo Clio, o interior permanece praticamente igual, o que inclui os interruptores dos vidros elétricos junto ao câmbio. A Renault reconhece a falta de ergonomia, mas diz que o consumidor não se queixa da localização.
Também é preciso destacar os opcionais, que não são mais vendidos em pacotes. Para o 1.0 16V Authentique, o ar-condicionado custa R$ 2.300 -mais barato que na concorrência. Porém ele é de série no Volkswagen Polo 16V, e a Peugeot promete dar o equipamento para quem comprar um 206 até amanhã.

Desempenho
Outro fato que demonstra que a importância do lançamento está mesmo na aparência é o resultado do teste Folha-Mauá. A nova calibração da injeção eletrônica fez a potência do motor 1.6 16V ir de 107 cv para 110 cv -no 1.0, o aumento é de dois cavalos. O torque continua 15,2 kgfm, mas está disponível em rotação mais baixa.
O Clio chegou aos 100 km/h em 11,07 segundos, enquanto a versão Si, testada em 2001, precisou de 10,64s. Mas essa queda não tira seu mérito. Ele continua mais rápido que Chevrolet Corsa 1.8 -que tem 102 cv e precisou de 11,83s- e Volkswagen Polo 1.6. Com seus 101 cv, levou 11,65s.
Na frente do Clio fica apenas o Peugeot 206 1.6 16V (10,41s). É bom registrar que Corsa e Polo usam motores com oito válvulas.
As retomadas também ficaram pouca coisa mais lentas. Se antes eram necessários 9,81s para ir de 60 a 100 km/h, agora são 10,13s. Na cidade, o motorista não percebe que precisa esperar 42 milésimos de segundo a mais para voltar de 40 a 80 km/h.
A Renault está investindo em treinamento para evitar reclamações como as da engenheira de alimentos Patrícia Olivieri, 28. "Já tive problemas com Clio e Mégane. Os carros são ótimos, mas a assistência técnica é medíocre." Ela diz ter desistido de comprar outro veículo da marca.
Segundo Dominique Maciet, vice-presidente comercial da Renault do Brasil e Mercosul, a empresa criou cem postos de trabalho e investiu na formação de técnicos para atendimento na rede.

Duas portas
Desde o lançamento do Clio no Brasil, em 1999, a Renault só fez a versão quatro portas. Agora aproveita a reestilização do hatchback para começar a vender, em maio, o modelo com duas portas.
Por enquanto, será oferecido apenas motor 1.0 na versão mais simples de acabamento, com vendas pela internet. Até o começo de 2004, ganhará propulsor maior, que o deixará mais esportivo -duas portas costumam ser sinônimo de esportividade. Na França, há um 2.0 de 169 cavalos.
Apesar de o preço não estar definido, o Clio com duas portas deve ser R$ 1.000 mais barato que o de quatro. A montadora calcula que ele responderá por 23% das vendas, enquanto o de quatro ficará com 48%, e o sedã, com 29%.
Apesar das mudanças no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), a Renault ainda aposta que os "populares" venderão mais. Pouco menos de 80% das vendas do novo Clio -a expectativa é de 3.000 por mês- devem ser de propulsores 1.0 8V e 16V.


José Augusto Amorim viajou a convite da Renault


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