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HATCHBACK
Apesar dos 3 cv a mais, motor 1.6 tem desempenho levemente inferior; acabamento interno é em duas cores
Pés não sentem as mudanças no novo Clio
JOSÉ AUGUSTO AMORIM
ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU
A preocupação
dos executivos com
a estética é cada vez
maior. Então, por
que não passá-la
para seus produtos?
Foi exatamente o que a Renault
fez com o Clio, que na Europa já
mudou dois anos atrás. As alterações "invisíveis" estão nos motores 16V ligeiramente mais potentes e no interior com acabamento
em dois tons de cinza.
Essa cara mais "enfezada" tem o
objetivo de, a partir do dia 20,
atrair mais homens a uma autorizada em busca do Clio. A Renault
também cansou de ouvir que seu
produto vende pela relação custo/benefício, e não por identidade. "Vamos aumentar o desejo de
ter um Clio, passar a imagem de
um carro com personalidade", diz
o diretor de marketing da montadora, Antônio Megale.
Apesar da intenção, o modelo
continua sendo uma boa opção. O
preço da versão de entrada
-agora chamada Authentique,
como na Europa- é o mesmo da
antiga Yahoo!. São R$ 17.990, e
airbag (bolsa de ar que infla em
batidas) e ar-condicionado continuam custando R$ 3.000.
Ele só não é mais barato que o
Fiat Palio 1.0 Fire, de R$ 16.782,68,
e que, apesar da carroceria nova,
mantém o painel da geração anterior. No novo Clio, o interior permanece praticamente igual, o que
inclui os interruptores dos vidros
elétricos junto ao câmbio. A Renault reconhece a falta de ergonomia, mas diz que o consumidor
não se queixa da localização.
Também é preciso destacar os
opcionais, que não são mais vendidos em pacotes. Para o 1.0 16V
Authentique, o ar-condicionado
custa R$ 2.300 -mais barato que
na concorrência. Porém ele é de
série no Volkswagen Polo 16V, e a
Peugeot promete dar o equipamento para quem comprar um
206 até amanhã.
Desempenho
Outro fato que demonstra que a
importância do lançamento está
mesmo na aparência é o resultado
do teste Folha-Mauá. A nova calibração da injeção eletrônica fez a
potência do motor 1.6 16V ir de
107 cv para 110 cv -no 1.0, o aumento é de dois cavalos. O torque
continua 15,2 kgfm, mas está disponível em rotação mais baixa.
O Clio chegou aos 100 km/h em
11,07 segundos, enquanto a versão Si, testada em 2001, precisou
de 10,64s. Mas essa queda não tira
seu mérito. Ele continua mais rápido que Chevrolet Corsa 1.8
-que tem 102 cv e precisou de
11,83s- e Volkswagen Polo 1.6.
Com seus 101 cv, levou 11,65s.
Na frente do Clio fica apenas o
Peugeot 206 1.6 16V (10,41s). É
bom registrar que Corsa e Polo
usam motores com oito válvulas.
As retomadas também ficaram
pouca coisa mais lentas. Se antes
eram necessários 9,81s para ir de
60 a 100 km/h, agora são 10,13s.
Na cidade, o motorista não percebe que precisa esperar 42 milésimos de segundo a mais para voltar de 40 a 80 km/h.
A Renault está investindo em
treinamento para evitar reclamações como as da engenheira de
alimentos Patrícia Olivieri, 28. "Já
tive problemas com Clio e Mégane. Os carros são ótimos, mas a
assistência técnica é medíocre."
Ela diz ter desistido de comprar
outro veículo da marca.
Segundo Dominique Maciet, vice-presidente comercial da Renault do Brasil e Mercosul, a empresa criou cem postos de trabalho e investiu na formação de técnicos para atendimento na rede.
Duas portas
Desde o lançamento do Clio no
Brasil, em 1999, a Renault só fez a
versão quatro portas. Agora aproveita a reestilização do hatchback
para começar a vender, em maio,
o modelo com duas portas.
Por enquanto, será oferecido
apenas motor 1.0 na versão mais
simples de acabamento, com vendas pela internet. Até o começo de
2004, ganhará propulsor maior,
que o deixará mais esportivo
-duas portas costumam ser sinônimo de esportividade. Na
França, há um 2.0 de 169 cavalos.
Apesar de o preço não estar definido, o Clio com duas portas deve ser R$ 1.000 mais barato que o
de quatro. A montadora calcula
que ele responderá por 23% das
vendas, enquanto o de quatro ficará com 48%, e o sedã, com 29%.
Apesar das mudanças no IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados), a Renault ainda aposta que os "populares" venderão
mais. Pouco menos de 80% das
vendas do novo Clio -a expectativa é de 3.000 por mês- devem
ser de propulsores 1.0 8V e 16V.
José Augusto Amorim viajou a convite
da Renault
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