São Paulo, domingo, 16 de março de 2008

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Desconfiança desprotegida

Pesquisa indica tendência de motorista não confiar no carro e de não pagar pela garantia estendida

JOSÉ AUGUSTO AMORIM
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS

Famoso por sua paixão por automóveis, o brasileiro é um povo contraditório. Não confia no que tem tampouco se preocupa em pagar mais para ter a garantia estendida.
Uma pesquisa da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) indica uma tendência de o consumidor usar apenas a garantia contratual de, em média, um ano, algo confirmado pelas montadoras -a Ford e a Fiat, por exemplo, nem sequer oferecem o serviço.
Das 3.027 respostas que a associação obteve, 96% afirmaram não se importar com a extensão. A Peugeot, por exemplo, informa que apenas 1% se interessa pela proteção extra, que custa R$ 992,22 para o 206.
"O consumidor nunca pressionou [as montadoras] por garantia, pois sempre usou mais um mecânico de confiança", diz Olivier Girard, sócio-diretor da Trevisan Consultoria. "Ele acredita que seja mais barato."
Na verdade, o Código de Defesa do Consumidor estabelece uma garantia obrigatória de 90 dias, mas, por uma estratégia de marketing, as montadoras oferecem pelo menos um ano.
Para Joaquim Arruda Pereira, gerente de engenharia de serviços da Ford, também deve-se levar em conta a evolução tecnológica dos carros. Em outras palavras, os veículos duram mais, então as montadoras acabam não gastando tanto.

Confiança
O consumidor, porém, não parece ter a impressão dessa melhoria. Donas de 80,75% do mercado, a Volkswagen, a Fiat, a Chevrolet e a Ford, nessa seqüência, são as marcas que menos inspiram confiança, de acordo com a Pro Teste.
A dona-de-casa Márcia Soraia Negrão Salum trocou seu Volkswagen CrossFox por uma Peugeot 206 SW depois de ter de pagar R$ 300 pela troca da bomba injetora de combustível -com a garantia válida. "Perdi totalmente a confiança, mas o pior foi o descaso da concessionária e da Volkswagen."
A VW, a Fiat e a Ford não comentaram o resultado, culpando o desconhecimento da metodologia e dos detalhes da pesquisa. A VW acrescenta que solicitou uma cópia "para entender o que aconteceu e para aprender com o cliente".
Paulo Pereira, gerente de serviço ao cliente da General Motors, diz que as pesquisas não são constantes. Ele exemplifica: segundo a Pro Teste, a tendência é não haver fidelidade a uma montadora, mas "mais da metade de quem compra um Chevrolet já teve um carro da marca ou troca por outro".


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