|
Próximo Texto | Índice
Desconfiança desprotegida
Pesquisa indica tendência de motorista não confiar no carro e de não pagar pela garantia estendida
JOSÉ AUGUSTO AMORIM
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS
Famoso por sua paixão por
automóveis, o brasileiro é um
povo contraditório. Não confia
no que tem tampouco se preocupa em pagar mais para ter a
garantia estendida.
Uma pesquisa da Pro Teste
(Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) indica uma
tendência de o consumidor
usar apenas a garantia contratual de, em média, um ano, algo
confirmado pelas montadoras
-a Ford e a Fiat, por exemplo,
nem sequer oferecem o serviço.
Das 3.027 respostas que a associação obteve, 96% afirmaram não se importar com a extensão. A Peugeot, por exemplo, informa que apenas 1% se
interessa pela proteção extra,
que custa R$ 992,22 para o 206.
"O consumidor nunca pressionou [as montadoras] por garantia, pois sempre usou mais
um mecânico de confiança", diz
Olivier Girard, sócio-diretor da
Trevisan Consultoria. "Ele
acredita que seja mais barato."
Na verdade, o Código de Defesa do Consumidor estabelece
uma garantia obrigatória de 90
dias, mas, por uma estratégia
de marketing, as montadoras
oferecem pelo menos um ano.
Para Joaquim Arruda Pereira, gerente de engenharia de
serviços da Ford, também deve-se levar em conta a evolução
tecnológica dos carros. Em outras palavras, os veículos duram mais, então as montadoras
acabam não gastando tanto.
Confiança
O consumidor, porém, não
parece ter a impressão dessa
melhoria. Donas de 80,75% do
mercado, a Volkswagen, a Fiat,
a Chevrolet e a Ford, nessa seqüência, são as marcas que menos inspiram confiança, de
acordo com a Pro Teste.
A dona-de-casa Márcia Soraia Negrão Salum trocou seu
Volkswagen CrossFox por uma
Peugeot 206 SW depois de ter
de pagar R$ 300 pela troca da
bomba injetora de combustível
-com a garantia válida. "Perdi
totalmente a confiança, mas o
pior foi o descaso da concessionária e da Volkswagen."
A VW, a Fiat e a Ford não comentaram o resultado, culpando o desconhecimento da metodologia e dos detalhes da pesquisa. A VW acrescenta que solicitou uma cópia "para entender o que aconteceu e para
aprender com o cliente".
Paulo Pereira, gerente de serviço ao cliente da General Motors, diz que as pesquisas não
são constantes. Ele exemplifica: segundo a Pro Teste, a tendência é não haver fidelidade a
uma montadora, mas "mais da
metade de quem compra um
Chevrolet já teve um carro da
marca ou troca por outro".
Próximo Texto: Metodologia: Mais de 3.000 respostas indicam tendência, mas excluem marcas Índice
|