São Paulo, domingo, 18 de março de 2007

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Globalizada, Chevrolet se desatualiza no Brasil

Gama local deixa de seguir Opel para vender produtos mundiais

JOSÉ AUGUSTO AMORIM
ENVIADO ESPECIAL A LAUSANNE

A General Motors quer transformar a Chevrolet numa marca global. Para os brasileiros, isso representa uma notícia boa e outra ruim. O país será responsável pela criação de todos os utilitários e picapes médios vendidos no mundo, mas modelos como Corsa e Zafira não acompanharão mudanças feitas na Europa. Até hoje, os carros fabricados no Brasil seguiam a linha da Opel -o braço europeu do maior fabricante mundial de veículos- com o logotipo da Chevrolet, marca ligada fortemente ao mercado americano. A partir de agora, são cinco centros responsáveis pelo desenvolvimento dos novos veículos. Não há previsão de quando acontecerá a convergência total, mas o que a montadora pretende é que os lançamentos tenham uma "plataforma global".
Ou seja, ainda que o Prisma tenha sido criado no Brasil, o projeto de sua próxima geração deve vir da Coréia do Sul, responsável pela criação de carros pequenos. Os outros centros ficam na Austrália, na Europa e nos Estados Unidos. Também está descartada a importação do Spark para combater o chinês Chery QQ, produzido no Uruguai. Ele teria de pagar 35% de Imposto de Importação e ficaria muito caro. Por enquanto, a arma será o Celta, que, um dia, será o mesmo carro que o Spark.
Ainda que o centro brasileiro tenha contribuído na criação do Hummer H3 e na adaptação do Astra para o mercado norte-americano, o primeiro projeto totalmente feito aqui será a nova geração da S10, que também será produzida na Ásia em parceria com a Isuzu. O jipinho Prisma Y, mostrado como conceito no Salão de São Paulo de 2006, entra na fila. "Mostramos para o pessoal da região Ásia-Pacífico [que inclui China, Índia e Tailândia], e eles também gostaram. Agora precisamos achar uma plataforma", conta Don Johnson, diretor de marketing e vendas para a região Laam (América Latina, África e Oriente Médio).
As diferenças regionais, porém, serão respeitadas. Exemplo: a "gravata" da Chevrolet continua envolta num círculo para o mercado brasileiro. No México, permanece azul.

Descompasso
Enquanto o Brasil não alinha sua gama com a mundial, vai vender carros desatualizados. "Talvez dez anos seja muito para não ter nenhuma mudança, mas a Zafira não vai ser como a européia", revela Johnson. O mesmo ocorre com o Corsa.
O Astra é um caso isolado. O Vectra brasileiro teve seu desenho exportado para a Europa, onde é vendido como Astra Sedan. Isso quer dizer que o novo Astra, no Brasil, será como o europeu, talvez sem tantos equipamentos de segurança.
As mudanças podem ser comercializadas com o nome de Vectra hatch, enquanto o Astra continuaria sendo produzido. Vale registrar que a globalização não é tão grande assim quando o assunto são os carros produzidos nos Estados Unidos. O retrô HHR já tem sua exportação definida para a Europa, assim como o Camaro. Mas os mercados em desenvolvimento não devem recebê-los.


JOSÉ AUGUSTO AMORIM viajou de Genebra a Lausanne a convite da General Motors


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