São Paulo, domingo, 18 de março de 2007

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peças & acessórios

"Run-flat" começa a ter reclamação

Pneu que roda furado tem manutenção cara e reposição difícil; nos EUA, há até processos

DO "NEW YORK TIMES"

Os pneus "run-flat", oferecidos em carros de luxo nos últimos anos, são um alívio para a segurança. Furados, podem rodar por quilômetros, permitindo que o motorista vá a um lugar seguro para arrumá-los.
Agora, começam a aparecer as primeiras reclamações sobre eles, especialmente em relação ao custo de troca elevado e à dificuldade de reparo. Alguns consumidores estão tão irritados que entraram na Justiça: a Honda e a Michelin são alvo de um processo em Los Angeles.
As empresas de pneus dizem que os "run-flat", que têm uma banda de rodagem mais rígida, devem ser usados como os normais e que os problemas são causados por uma manutenção fraca, incluindo uma calibragem acima do necessário.
Os fabricantes dizem que, no caso de o pneu explodir, é mais fácil controlar o carro. Já as montadoras gostam porque não é preciso colocar estepe no carro, o que significa mais espaço no porta-malas.
Além disso, eliminar o pneu extra, na Toyota Sienna, permitiu transformar uma minivan com tração dianteira em uma com tração integral, com espaço para o segundo diferencial.
Um panfleto da Sienna 2007, porém, alerta que os pneus podem durar apenas 25.000 km -40% do que duram os comuns-, dependendo das condições de uso e de manutenção.
Para Clarence Ditlow, diretor-executivo do Centro de Segurança Automotiva, os casos na Justiça mostram que "a primeira geração dos "run-flat" na Sienna não era bem desenhada e se desgastava prematuramente". "Sejam carros ou pneus, consumidores devem evitar novos modelos porque a chance de problemas é grande."
Maria Ocampo, dona de uma Odyssey, descreve sua "paixão": "Não precisei entrar em pânico. Dois pneus furaram, levei as crianças à escola e cheguei ao trabalho na hora".
Ela, porém, diz que se desapontou por ter de ligar à Michelin para descobrir uma loja da Honda onde pudesse arrumar seus pneus. Além disso, a revenda disse que um novo jogo custaria US$ 1.600 (R$ 3.360).

Na Justiça
O processo mais recente é contra a Michelin e seu Energy LX4 PAX, usado na Honda Odyssey Touring e oferecido como opcional no Acura RL. A ação não discute a segurança do "run-flat", mas diz que o consumidor não foi bem informado sobre o custo de manutenção.
O PAX, no lugar de bandas mais rígidas, tem um anel de suporte interno. A Michelin diz que isso permite economia de combustível, pois o pneu não precisa ser tão rígido. Mas seu desenho o torna mais difícil de ser arrumado.
Para Mark Anderson, um dos advogados que movem a ação, é "ridículo" que o reparo do PAX seja tão complicado. Em 2005, ele processou a Toyota, a Bridgestone e a Dunlop por causa dos pneus "run-flat" da Sienna.
Lynn Mann, porta-voz da Michelin, afirmou que o processo tem "muitos erros e declarações inexatas". Chris Naughton, porta-voz da Honda, disse que a companhia não havia visto o processo, mas que o pneu era um "ótimo e conveniente produto, que dá segurança aos consumidores".
Para viajantes que não encontram onde arrumar o pneu, a Michelin diz que pode entregá-lo em menos de 12 horas.
Mas o sistema de apoio não funciona, reclama Jean Carper, que move uma ação. Ela disse que não conseguiu achar onde arrumar os pneus de seu RL e recebeu da Michelin uma previsão de chegada de cinco dias. Teve de esperar até uma segunda-feira para pedi-los em uma revenda da Acura. No dia seguinte, estavam em seu carro.


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