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Sorria, você está sendo multado
Até o fim do próximo mês, 180 "olhos" observarão carros em SP
LUÍS PEREZ
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO
Na semana em que reestreou o
"Big Brother Brasil", a CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego) adverte: é praticamente
impossível realizar um trajeto pela cidade de São Paulo que inclua
uma via de grande circulação sem
ser observado por uma câmera.
São 40 radares fixos e 51 lombadas eletrônicas -aquelas pelas
quais é preciso passar em velocidade bem baixa, algo inferior a
40 km/h, para não ser autuado.
Até o final de fevereiro, devem
ser cem lombadas eletrônicas e,
logo em seguida, voltarão os radares móveis (mais 40), que estão
em fase de licitação. No total, 180
câmeras estarão "dando uma espiadinha" em seu carro, sem falar
das que fiscalizam sinal vermelho.
A Folha mostra, no mapa ao lado, algumas das principais ruas e
avenidas onde estão os radares
móveis. A relação completa, incluindo velocidade máxima permitida e sentidos, pode ser consultada pela internet, no site
www.folha.com.br/030142.
Na verdade, há 120 estruturas
montadas para receber os 40 radares. Um rodízio é feito pela CET
a cada 60 ou 90 dias, dependendo
de um levantamento. "O critério é
o número de acidentes naquela
via", conta José Marconi Neto, 54,
especialista de trânsito do órgão.
A incorporação de tecnologia
aos carros compactos -os mais
vendidos no país- é vista pela
CET como uma das "tentações"
para os motoristas tentarem burlar a função do radar, que, segundo a companhia, é fazer com que
a velocidade máxima de determinada rua seja respeitada.
Status
"Você sabe como os carros estão modernos, como se procura
melhorar o torque [força"", afirma Mauricio Regio, 46, assessor
de segurança de trânsito da CET.
Nesses carros, é possível retomar
a velocidade mais rapidamente.
"Não somos contra a tecnologia. O problema é que, no Brasil,
carro é visto como um sinal de
status, e a pessoa usa muito isso.
Mesmo que esteja numa Ferrari,
não pode andar a 180 km/h na
marginal, pois não há como escapar de uma situação inesperada."
Inspecionado pelo Inmetro
(Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial), o radar tem dois níveis de tolerância: 7 km/h até 100
km/h e 7% quando se está a mais
de 100 km/ h.
Se no "Big Brother" o negócio é
entrar na intimidade, as câmeras
em São Paulo só autuam o veículo. "Não vamos atrás da pessoa
pelo seu rosto, por exemplo", esclarece Daniel Candido, 52, diretor do DSV (Departamento de
Operações do Sistema Viário).
Nos arquivos dos órgãos, há fotos de burla de radar das mais bizarras -as mais "leves" são
aquelas em que os ocupantes dos
carros tampam as placas com as
mãos. Já houve casos em que o radar fixo foi queimado ou destruído a tiros. Por isso os funcionários
que trabalham nos radares móveis usam coletes à prova de bala.
Respeito
Outro artifício ainda frequente
são carros com placas de outros
Estados -que não têm como ser
autuados em São Paulo. De janeiro a agosto de 2002, o DSV levantou que quase a metade dos veículos de outros Estados multados
(48,76%) têm placa do Paraná.
Se cobradas, as autuações desse
Estado renderiam R$ 10.890.360.
Depois, no ranking dos "forasteiros", vêm Minas (17,86%), Rio
(8,8%), Santa Catarina (5,18%) e
Rio Grande do Sul (4,32%).
Na avaliação dos técnicos, o
paulistano médio respeita a velocidade, muito embora ainda tente
reduzi-la só quando avista o radar. "Já fui multada, sim. Por radares, então...", diz a atriz Barbara
Paz. "Nunca sei o ponto certo de
um radar. Mas sempre recorro. A
cada dez recursos, oito dão certo."
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