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São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 2003

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Sorria, você está sendo multado

Até o fim do próximo mês, 180 "olhos" observarão carros em SP

LUÍS PEREZ
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Na semana em que reestreou o "Big Brother Brasil", a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) adverte: é praticamente impossível realizar um trajeto pela cidade de São Paulo que inclua uma via de grande circulação sem ser observado por uma câmera.
São 40 radares fixos e 51 lombadas eletrônicas -aquelas pelas quais é preciso passar em velocidade bem baixa, algo inferior a 40 km/h, para não ser autuado.
Até o final de fevereiro, devem ser cem lombadas eletrônicas e, logo em seguida, voltarão os radares móveis (mais 40), que estão em fase de licitação. No total, 180 câmeras estarão "dando uma espiadinha" em seu carro, sem falar das que fiscalizam sinal vermelho.
A Folha mostra, no mapa ao lado, algumas das principais ruas e avenidas onde estão os radares móveis. A relação completa, incluindo velocidade máxima permitida e sentidos, pode ser consultada pela internet, no site www.folha.com.br/030142.
Na verdade, há 120 estruturas montadas para receber os 40 radares. Um rodízio é feito pela CET a cada 60 ou 90 dias, dependendo de um levantamento. "O critério é o número de acidentes naquela via", conta José Marconi Neto, 54, especialista de trânsito do órgão.
A incorporação de tecnologia aos carros compactos -os mais vendidos no país- é vista pela CET como uma das "tentações" para os motoristas tentarem burlar a função do radar, que, segundo a companhia, é fazer com que a velocidade máxima de determinada rua seja respeitada.

Status
"Você sabe como os carros estão modernos, como se procura melhorar o torque [força"", afirma Mauricio Regio, 46, assessor de segurança de trânsito da CET. Nesses carros, é possível retomar a velocidade mais rapidamente.
"Não somos contra a tecnologia. O problema é que, no Brasil, carro é visto como um sinal de status, e a pessoa usa muito isso. Mesmo que esteja numa Ferrari, não pode andar a 180 km/h na marginal, pois não há como escapar de uma situação inesperada."
Inspecionado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), o radar tem dois níveis de tolerância: 7 km/h até 100 km/h e 7% quando se está a mais de 100 km/ h.
Se no "Big Brother" o negócio é entrar na intimidade, as câmeras em São Paulo só autuam o veículo. "Não vamos atrás da pessoa pelo seu rosto, por exemplo", esclarece Daniel Candido, 52, diretor do DSV (Departamento de Operações do Sistema Viário).
Nos arquivos dos órgãos, há fotos de burla de radar das mais bizarras -as mais "leves" são aquelas em que os ocupantes dos carros tampam as placas com as mãos. Já houve casos em que o radar fixo foi queimado ou destruído a tiros. Por isso os funcionários que trabalham nos radares móveis usam coletes à prova de bala.

Respeito
Outro artifício ainda frequente são carros com placas de outros Estados -que não têm como ser autuados em São Paulo. De janeiro a agosto de 2002, o DSV levantou que quase a metade dos veículos de outros Estados multados (48,76%) têm placa do Paraná.
Se cobradas, as autuações desse Estado renderiam R$ 10.890.360. Depois, no ranking dos "forasteiros", vêm Minas (17,86%), Rio (8,8%), Santa Catarina (5,18%) e Rio Grande do Sul (4,32%).
Na avaliação dos técnicos, o paulistano médio respeita a velocidade, muito embora ainda tente reduzi-la só quando avista o radar. "Já fui multada, sim. Por radares, então...", diz a atriz Barbara Paz. "Nunca sei o ponto certo de um radar. Mas sempre recorro. A cada dez recursos, oito dão certo."


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