São Paulo, domingo, 20 de abril de 2008

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Além de automático, veículo ideal é espaçoso

Principal reclamação é que câmbio, de R$ 5.000 em média, é caro COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Eleita com a bandeira da inclusão dos deficientes na sociedade, a deputada estadual Célia Leão (PSDB-SP), 52, sofreu um acidente de carro aos 19 anos. Ficou paraplégica.
Dona de um Toyota Corolla, diz que o "carro é sinônimo de liberdade, assim como a cadeira de rodas". Gosta do seu carro, especialmente pelo design do banco, que a "abraça" e a deixa segura.
"Não tenho controle de tronco. Do seio para baixo, minha musculatura é comprometida, então preciso de apoio para não cair de lado", explica.
A convite da Folha, a deputada fez o test-drive de um Polo Sedan 1.6 manual -a Volkswagen é a única montadora que vende, em sua própria rede, um carro já adaptado.
O automóvel avaliado tinha automação de embreagem, acelerador e freio manuais e pedais invertidos (para quem tem força motora em apenas uma das pernas).
"O que mais me impressionou foi o sensor que aciona a embreagem assim que a mão encosta no câmbio. Há tempos não fazia esse movimento de mudar a marcha [ela dirige um carro automático há dez anos]. A resposta da embreagem é muito rápida", surpreende-se Leão.
Essa adaptação, feita pela Cavenaghi, custa R$ 2.966. Porém, se o sistema nunca tiver sido desenvolvido para um determinado carro, o valor subirá para R$ 3.336. O serviço também demora mais.
Leão observa que é uma solução mais barata do que comprar um carro automático. Em geral, não precisar mudar as marchas custa R$ 5.000. Um Chevrolet Vectra GT, por exemplo, custa R$ 60.590, e sua versão automática sai por R$ 66.590.

Preço alto
O alto preço dos carros automáticos é uma reclamação generalizada entre os deficientes físicos. Todos clamam por um limite maior para a isenção de impostos -atualmente, para não pagar Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o veículo não passar de R$ 60 mil.
Além disso, veículos com itens de conforto e segurança bastante procurados, como trava e vidros elétricos, airbag e bancos ergonômicos, geralmente, são caros.
"Infelizmente, no Brasil, carro automático, item essencial para nós, ainda é considerado um luxo", reclama o halterofilista Alexsander dos Santos, 38. Vencedor da medalha de ouro na categoria peso leve do Parapan Rio 2007, Santos ficou paraplégico após ser baleado por um assaltante.
Para alguns tipos de patologia, o esforço exigido pela troca de marchas pode acarretar danos. É o caso de mulheres mastectomizadas e que sofreram edema linfático em conseqüência da retirada dos gânglios das axilas, como a bancária Carla Araújo Gama, 37.
Dona de um Corolla, ela diz que o câmbio automático resguarda seu braço direito. "Se sofrer uma pancada ou se exceder na força, ele poderá sofrer um inchaço que seria irreversível", explica.

Espaço
Os motoristas também apontam a importância de um porta-malas espaçoso -para que caiba a cadeira de rodas montada, por exemplo. E se preocupar com manutenção preventiva é fundamental para que o carro não pare no meio do caminho ou o pneu não fique careca.
A publicitária Magali Amista, 40, perdeu a mobilidade na perna esquerda por causa de uma artrose no joelho. "Escolhi o Honda Fit por ser o de preço mais acessível e o menor dos automáticos -não gosto de sedã. Ele também é bastante confortável para mim, que tenho de acionar os pedais com o pé direito."
(DENISE RIBEIRO)

O Polo Sedan que Célia Leão dirigiu foi cedido pela Cavenaghi


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