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Além de automático, veículo ideal é espaçoso
Principal reclamação é que câmbio, de R$ 5.000 em média, é caro
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Eleita com a bandeira da inclusão dos deficientes na sociedade, a deputada estadual
Célia Leão (PSDB-SP), 52, sofreu um acidente de carro aos
19 anos. Ficou paraplégica.
Dona de um Toyota Corolla,
diz que o "carro é sinônimo de
liberdade, assim como a cadeira de rodas". Gosta do seu
carro, especialmente pelo design do banco, que a "abraça" e
a deixa segura.
"Não tenho controle de
tronco. Do seio para baixo, minha musculatura é comprometida, então preciso de apoio
para não cair de lado", explica.
A convite da Folha, a deputada fez o test-drive de um Polo Sedan 1.6 manual -a Volkswagen é a única montadora
que vende, em sua própria rede, um carro já adaptado.
O automóvel avaliado tinha
automação de embreagem,
acelerador e freio manuais e
pedais invertidos (para quem
tem força motora em apenas
uma das pernas).
"O que mais me impressionou foi o sensor que aciona a
embreagem assim que a mão
encosta no câmbio. Há tempos não fazia esse movimento
de mudar a marcha [ela dirige
um carro automático há dez
anos]. A resposta da embreagem é muito rápida", surpreende-se Leão.
Essa adaptação, feita pela
Cavenaghi, custa R$ 2.966.
Porém, se o sistema nunca tiver sido desenvolvido para
um determinado carro, o valor subirá para R$ 3.336. O
serviço também demora mais.
Leão observa que é uma solução mais barata do que
comprar um carro automático. Em geral, não precisar mudar as marchas custa
R$ 5.000. Um Chevrolet Vectra GT, por exemplo, custa
R$ 60.590, e sua versão automática sai por R$ 66.590.
Preço alto
O alto preço dos carros automáticos é uma reclamação
generalizada entre os deficientes físicos. Todos clamam
por um limite maior para a
isenção de impostos -atualmente, para não pagar Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o veículo
não passar de R$ 60 mil.
Além disso, veículos com
itens de conforto e segurança
bastante procurados, como
trava e vidros elétricos, airbag
e bancos ergonômicos, geralmente, são caros.
"Infelizmente, no Brasil,
carro automático, item essencial para nós, ainda é considerado um luxo", reclama o halterofilista Alexsander dos
Santos, 38. Vencedor da medalha de ouro na categoria peso leve do Parapan Rio 2007,
Santos ficou paraplégico após
ser baleado por um assaltante.
Para alguns tipos de patologia, o esforço exigido pela troca de marchas pode acarretar
danos. É o caso de mulheres
mastectomizadas e que sofreram edema linfático em conseqüência da retirada dos gânglios das axilas, como a bancária Carla Araújo Gama, 37.
Dona de um Corolla, ela diz
que o câmbio automático resguarda seu braço direito. "Se
sofrer uma pancada ou se exceder na força, ele poderá sofrer um inchaço que seria irreversível", explica.
Espaço
Os motoristas também
apontam a importância de um
porta-malas espaçoso -para
que caiba a cadeira de rodas
montada, por exemplo. E se
preocupar com manutenção
preventiva é fundamental para que o carro não pare no
meio do caminho ou o pneu
não fique careca.
A publicitária Magali Amista, 40, perdeu a mobilidade na
perna esquerda por causa de
uma artrose no joelho. "Escolhi o Honda Fit por ser o de
preço mais acessível e o menor dos automáticos -não
gosto de sedã. Ele também é
bastante confortável para
mim, que tenho de acionar os
pedais com o pé direito."
(DENISE RIBEIRO)
O Polo Sedan que Célia Leão dirigiu foi cedido
pela Cavenaghi
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