São Paulo, domingo, 21 de maio de 2006

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Dólar em queda faz importado ficar mais barato que nacional

Preço do mexicano Fusion é R$ 4.169 menor que o do brasileiro Vectra; redução de valor passa de R$ 22 mil

DEISE DE OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Redução de R$ 22,6 mil no Citroën C5; de R$ 13.831 no Nissan Sentra; de R$ 22 mil no Jeep Cherokee Sport. Não é feirão, tampouco queima de estoque. Os carros importados estão ficando mais baratos devido à queda do dólar e à concorrência entre as montadoras. Em alguns casos, chegam a custar menos que os rivais nacionais.
Mais que uma guerra de ofertas, o ajuste de preços reflete a mudança do papel dos estrangeiros. "O preço de um carro é resultado de posicionamento do produto e estratégia de marca. A decisão de uma montadora de importar não é pontual, seguindo a tendência do dólar. Mas, com a estabilidade da economia, a oferta de importados se amplia, como está acontecendo", diz Corrado Capellano, consultor da Roland Berger.
Derrubar preços é uma decisão delicada, pois desagrada aos clientes cativos, que vêem seu carro perder valor de revenda. "A oferta de descontos e promoções é muito grande. Fico aborrecido porque sei que o que tenho em casa vai desvalorizar", diz o empresário Jurandir de Oliveira Cardoso, 54.
Mas há o outro lado da moeda. "A solução é conseguir um bom desconto na loja, além do já oferecido pela fábrica." Há duas semanas, Cardoso comprou um Chevrolet Omega por R$ 134 mil -20,6% a menos que o valor de tabela.
O Ford Fusion já foi lançado dentro da nova realidade. Trazido do México por R$ 79.990, custa menos que o concorrente nacional Chevrolet Vectra (R$ 84.159) e o conterrâneo Honda Accord (R$ 86.190). Os mexicanos são beneficiados pela ausência de tarifa de importação -contra 35% que pagam americanos, asiáticos e europeus.

Nova filosofia
"Os acordos comerciais mudaram a filosofia das empresas", diz José Carlos Secco, 43. Assessor na área automotiva sem lidar diretamente com carros de passeio, ele é um exemplo de quem aproveita a queda do câmbio. Em 1995, comprou um Mitsubishi Pajero; em 1997, um BMW 323i; no ano passado, um Volkswagen Passat.
"Nos anos 90, a oscilação do dólar foi muito forte, e a compra foi uma questão de oportunidade. Hoje, a oferta é maior, e as oportunidades são mais freqüentes", analisa. Com a política de importação facilitada e o dólar a R$ 0,85, os importados invadiram o país na década passada. Em 1995, foram vendidos 369 mil carros estrangeiros, contra 61 mil em 2004.
Muitos consumidores, porém, perderam dinheiro com carros sem valor de revenda ou sem manutenção. O trauma dos anos 90 tornou o mercado mais seguro, mas a precaução será sempre necessária.


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