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Dólar em queda faz importado ficar mais barato que nacional
Preço do mexicano Fusion é R$ 4.169 menor que o do brasileiro Vectra; redução de valor passa de R$ 22 mil
DEISE DE OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Redução de R$ 22,6 mil no
Citroën C5; de R$ 13.831 no
Nissan Sentra; de R$ 22 mil no
Jeep Cherokee Sport. Não é feirão, tampouco queima de estoque. Os carros importados estão ficando mais baratos devido
à queda do dólar e à concorrência entre as montadoras. Em alguns casos, chegam a custar
menos que os rivais nacionais.
Mais que uma guerra de ofertas, o ajuste de preços reflete a
mudança do papel dos estrangeiros. "O preço de um carro é
resultado de posicionamento
do produto e estratégia de marca. A decisão de uma montadora de importar não é pontual,
seguindo a tendência do dólar.
Mas, com a estabilidade da economia, a oferta de importados
se amplia, como está acontecendo", diz Corrado Capellano,
consultor da Roland Berger.
Derrubar preços é uma decisão delicada, pois desagrada
aos clientes cativos, que vêem
seu carro perder valor de revenda. "A oferta de descontos e
promoções é muito grande. Fico aborrecido porque sei que o
que tenho em casa vai desvalorizar", diz o empresário Jurandir de Oliveira Cardoso, 54.
Mas há o outro lado da moeda. "A solução é conseguir um
bom desconto na loja, além
do já oferecido pela fábrica."
Há duas semanas, Cardoso
comprou um Chevrolet Omega
por R$ 134 mil -20,6% a menos que o valor de tabela.
O Ford Fusion já foi lançado
dentro da nova realidade. Trazido do México por R$ 79.990,
custa menos que o concorrente
nacional Chevrolet Vectra (R$
84.159) e o conterrâneo Honda
Accord (R$ 86.190). Os mexicanos são beneficiados pela ausência de tarifa de importação
-contra 35% que pagam americanos, asiáticos e europeus.
Nova filosofia
"Os acordos comerciais mudaram a filosofia das empresas", diz José Carlos Secco, 43.
Assessor na área automotiva
sem lidar diretamente com carros de passeio, ele é um exemplo de quem aproveita a queda
do câmbio. Em 1995, comprou
um Mitsubishi Pajero; em 1997,
um BMW 323i; no ano passado,
um Volkswagen Passat.
"Nos anos 90, a oscilação do
dólar foi muito forte, e a compra foi uma questão de oportunidade. Hoje, a oferta é maior, e
as oportunidades são mais freqüentes", analisa. Com a política de importação facilitada e o
dólar a R$ 0,85, os importados
invadiram o país na década passada. Em 1995, foram vendidos
369 mil carros estrangeiros,
contra 61 mil em 2004.
Muitos consumidores, porém, perderam dinheiro com
carros sem valor de revenda ou
sem manutenção. O trauma
dos anos 90 tornou o mercado
mais seguro, mas a precaução
será sempre necessária.
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