São Paulo, domingo, 21 de julho de 2002

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ANIMAL

O certo é levá-los no banco de trás; na frente, eles podem prender os pedais do veículo e desviar a atenção do condutor

Motorista não deve soltar os cães no carro

Fernando Moraes/Folha Imagem
Flávio Sequeira Netto sempre leva seus cães soltos; o pastor alemão já pulou para o banco da frente e pôs em risco os ocupantes


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O estofamento é a menor das preocupações quando o assunto é o transporte de bichos de estimação no interior do carro. Aparentemente inofensivos, hábitos como deixar um cão viajar com a cabeça para fora ou solto podem colocar em risco os animais racionais que estão no veículo.
Para que não haja imprevistos, é preciso tomar alguns cuidados. O primeiro é não transportar animais, principalmente os de pequeno porte, no banco dianteiro.
Pior ainda se for no colo do motorista. Segundo Alberto Sabbag, 49, diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego), muitos acidentes acontecem porque o bichinho desce em direção aos pedais, atrapalhando e distraindo o condutor.
A maneira correta de levar um animal no carro é no banco traseiro e do lado direito, o que facilita a visualização do motorista por meio do retrovisor interno.
Para o zootecnista e terapeuta de animais Alexandre Rossi, 29 -autor do livro "Adestramento Inteligente", editora CMS, R$ 31-, todo cachorro deve estar preso ao cinto de segurança ou à coleira com a guia curta, limitando sua movimentação.

Pulo no banco
Se a guia estiver comprida e o cachorro cair do banco traseiro -em uma freada brusca ou batida, por exemplo-, ele pode se enforcar. Rossi lembra que é possível o bicho pular para o banco dianteiro e enrolar a guia no pescoço do motorista.
Foi o que quase aconteceu com o bancário Flávio Sequeira Netto, 38. Dono de um poodle e de um pastor alemão, ele diz que sempre leva os dois soltos dentro do veículo. "Qualquer descuido com o pastor, ele pula para o banco da frente. Certa vez, ficou agitado com um cão que estava na rua e foi para o banco do passageiro."
A adestradora em domicílio Carolina Lafemina, 26, encontrou outros caminhos em prol da segurança. Para evitar acidentes, ela optou por uma picape Fiat Strada com cabine estendida.
"Sempre tive carros espaçosos, pois eles proporcionam mais conforto e segurança." Mas Lafemina não transporta suas duas cadelas da raça labrador na caçamba. Elas sempre viajam presas com coleira e guia na parte estendida. "Assim, fico muito tranquila quando estou dirigindo. Sei que minhas cadelas estão seguras e calmas."

Bem-estar
No entanto, além da segurança, é necessário se preocupar com o bem-estar do animal.
A primeira medida é fechar as janelas. Os cães gostam de "tomar vento" no rosto, mas isso, além de perigoso, faz mal à saúde do bicho. "O excesso de vento ocasiona otite [inflamação nos ouvidos"", explica Mauro Lantzman, 41, veterinário e professor-assistente no departamento de Psicologia do Desenvolvimento da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
"A maior parte dos cães está habituada a viajar de carro, mas é conveniente planejar paradas a cada duas horas para que possam beber água, fazer as necessidades e esticar as patas", aconselha Vininha Carvalho, 40, vice-presidente da Liga de Prevenção à Crueldade contra o Animal.
Em viagens, o terapeuta Alexandre Rossi sugere que o motorista leve o cão para urinar. "Muitas vezes, o animal fica agitado e ansioso porque está apertado."
Outra proposta é a atividade física antes de encarar uma estrada. "Como o homem, o animal tende a ficar mais calmo e relaxado depois de exercícios físicos."
No caso de raças mais agitadas ou agressivas, vale recorrer aos sedativos. Para isso, recomenda-se consultar o veterinário antes de dar qualquer tipo de medicação ao animal. "É importante saber o histórico da saúde do cão", explica Mauro Lantzman, da PUC. (ÉRIKA MASCKIEWIC)



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