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São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2003

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CAPITÃES DA INDÚSTRIA

Segundo o presidente da empresa no Brasil, Pierre Poupel, um compacto vem sendo estudado para melhorar as vendas no país

Para crescer, Renault amplia a sua frota

Fernando Moraes/Folha Imagem
À FRANCESA Pierre Poupel, presidente da Renault no Brasil, fala em seu escritório em São Paulo; no destaque, miniaturas de protótipos da Renault, guardados numa estante da sala de espera

DA REDAÇÃO

Em seis meses, a Renault deve definir um novo carro compacto ou outro um pouco maior, a ser fabricado no Brasil, para tentar ampliar sua participação no mercado. Pelo menos é o que diz esperar o presidente da empresa, o engenheiro civil Pierre Poupel, último entrevistado da série de cinco dirigentes das maiores montadoras instaladas no Brasil.
Para Poupel, que tem como sonho de consumo um carro da Aston Martin (usado em filmes de James Bond), a Renault precisa ainda melhorar o atendimento ao cliente em suas concessionárias.
(ARMANDO PEREIRA FILHO)
 
Folha - Qual a importância do Brasil para a indústria?
Pierre Poupel -
Nós fomos a primeira nova montadora a decidir vir para cá, em 1995, depois da abertura do mercado. O Brasil é o centro do mercado da América do Sul e será, no futuro, importante para nosso crescimento mundial. Se tivéssemos de tomar hoje a decisão de vir para o Brasil, ela seria a mesma da de 95.
Folha - Se o sr. pudesse trazer hoje para o país um Renault que não é produzido aqui, qual seria ele?
Poupel -
Temos duas linhas principais de produtos -Clio e Scénic/Mégane. Com esses veículos, a Renault tem um pouco menos de 5% de participação no mercado. Nosso objetivo é chegar a 7% em dois anos.
Para isso, definitivamente precisamos ampliar nossa oferta, adotar novos produtos em segmentos inferiores. É o que estamos procurando agora.
E há algumas alternativas, seja um carro bem compacto ou outro um pouco maior, mas será um modelo de entrada [o mais básico de uma marca]. Estamos estudando isso há algum tempo.
Fizemos duas clínicas [pesquisa de produto com consumidores] nos últimos seis meses no Brasil. Estamos tentando saber qual é o melhor tipo de produto de que precisamos para o mercado.
Folha - O sr. não pode citar uma das possibilidades estudadas?
Poupel -
É muito cedo para falar.
Folha - Quando deve sair uma decisão sobre esse novo carro?
Poupel -
Diria que nos próximos seis meses teremos uma boa visibilidade de que estratégia seguir.
Folha - A Renault estava estudando produzir uma minivan baseada no Clio. O projeto foi abandonado de vez?
Poupel -
Seria algo entre Clio e Scénic, um pouco maior que um e um pouco menor que outro. Depois de um estudo sobre mercado, concluímos que não atendia às necessidades do cliente nem às necessidades econômicas. Decidimos não avançar com isso.
Folha - Qual o seu carro?
Poupel -
Eu dirijo, quando posso, um Scénic. Eu gosto, combina comigo.
Folha - Que outro carro o sr. teria, excluindo Renault?
Poupel -
Prefiro não dizer. Gosto de carros antigos. Nunca poderia ter um, mas, para mim, Aston Martin é demais.
Folha - No começo da atuação da Renault no Brasil, houve problemas com fornecimento de peças e atendimento ao cliente. Isso pode ter prejudicado a marca?
Poupel -
Várias pesquisas mostram que nossos produtos são bem-vistos no Brasil. Mas nós queremos ser os primeiros também em serviços, não só na quantidade, mas na qualidade.
Então, estamos trabalhando duro com nossas concessionárias para oferecer esses serviços, em termos de prazos de entrega, disponibilidade de carros, de equipamentos. Ainda temos algum trabalho a fazer. Quando chegamos, a rede não era tão profissional quanto deveria ser.
Então, decidimos mudar. Até agora, temos sido bem-sucedidos em melhorar isso. Primeiro, aumentando os pontos de venda, pondo-os em melhores locais.
Folha - Qual o ponto mais forte e o mais fraco da Renault no Brasil?
Poupel -
O mais forte é como nós fazemos nossa operação. Ela é muito compacta, muito eficiente. É um trabalho de equipe, não de uma pessoa só. Quanto à nossa rede de concessionárias, elas são muito novas em algumas áreas. Algumas concessionárias são muito profissionais. Outras ainda estão aprendendo o negócio.
Ao mesmo tempo, isso é sua força, porque são jovens, motivadas, mas também temos dificuldades em aprender o processo de vender carros e oferecer serviço.
Mas há potencial. Caso contrário, não seríamos parceiros. Estamos felizes de estar com eles e queremos mantê-los felizes. Nossa parte é oferecer bons produtos. A parte deles é fornecer serviços e eficiência aos clientes. É nisso que temos de trabalhar.
Folha - Segundo pesquisas de consultorias, houve aumento no preço dos carros entre julho e agosto, apesar da redução de três pontos percentuais do IPI. As montadoras e as concessionárias estão descumprindo o acordo de repassar a redução para o consumidor?
Poupel -
Há um mal-entedido aí. Nós aplicamos estritamente a redução do IPI, passamos para as concessionárias, e elas passaram para os clientes.
E aplicamos o desconto totalmente. Não só para os preços normais, mas também para as promoções. Nós mandamos documentos mostrando isso para a Anfavea e para o governo.


Colaborou José Augusto Amorim, free-lance para a Folha


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