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CAPITÃES DA INDÚSTRIA
Segundo o presidente da empresa no Brasil, Pierre Poupel, um compacto vem sendo estudado para melhorar as vendas no país
Para crescer, Renault amplia a sua frota
Fernando Moraes/Folha Imagem
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À FRANCESA Pierre Poupel, presidente da Renault no Brasil, fala em seu escritório em São Paulo; no destaque, miniaturas de protótipos da Renault, guardados numa estante da sala de espera
DA REDAÇÃO
Em seis meses, a Renault deve
definir um novo carro compacto
ou outro um pouco maior, a ser
fabricado no Brasil, para tentar
ampliar sua participação no mercado. Pelo menos é o que diz esperar o presidente da empresa, o engenheiro civil Pierre Poupel, último entrevistado da série de cinco dirigentes das maiores montadoras instaladas no Brasil.
Para Poupel, que tem como sonho de consumo um carro da Aston Martin (usado em filmes de
James Bond), a Renault precisa
ainda melhorar o atendimento ao
cliente em suas concessionárias.
(ARMANDO PEREIRA FILHO)
Folha - Qual a importância do
Brasil para a indústria?
Pierre Poupel - Nós fomos a primeira nova montadora a decidir
vir para cá, em 1995, depois da
abertura do mercado. O Brasil é o
centro do mercado da América
do Sul e será, no futuro, importante para nosso crescimento
mundial. Se tivéssemos de tomar
hoje a decisão de vir para o Brasil,
ela seria a mesma da de 95.
Folha - Se o sr. pudesse trazer hoje para o país um Renault que não é
produzido aqui, qual seria ele?
Poupel - Temos duas linhas
principais de produtos -Clio e
Scénic/Mégane. Com esses veículos, a Renault tem um pouco menos de 5% de participação no
mercado. Nosso objetivo é chegar
a 7% em dois anos.
Para isso, definitivamente precisamos ampliar nossa oferta,
adotar novos produtos em segmentos inferiores. É o que estamos procurando agora.
E há algumas alternativas, seja
um carro bem compacto ou outro
um pouco maior, mas será um
modelo de entrada [o mais básico
de uma marca]. Estamos estudando isso há algum tempo.
Fizemos duas clínicas [pesquisa
de produto com consumidores]
nos últimos seis meses no Brasil.
Estamos tentando saber qual é o
melhor tipo de produto de que
precisamos para o mercado.
Folha - O sr. não pode citar uma
das possibilidades estudadas?
Poupel - É muito cedo para falar.
Folha - Quando deve sair uma decisão sobre esse novo carro?
Poupel - Diria que nos próximos
seis meses teremos uma boa visibilidade de que estratégia seguir.
Folha - A Renault estava estudando produzir uma minivan baseada
no Clio. O projeto foi abandonado
de vez?
Poupel - Seria algo entre Clio e
Scénic, um pouco maior que um e
um pouco menor que outro. Depois de um estudo sobre mercado, concluímos que não atendia
às necessidades do cliente nem às
necessidades econômicas. Decidimos não avançar com isso.
Folha - Qual o seu carro?
Poupel - Eu dirijo, quando posso, um Scénic. Eu gosto, combina
comigo.
Folha - Que outro carro o sr. teria,
excluindo Renault?
Poupel - Prefiro não dizer. Gosto
de carros antigos. Nunca poderia
ter um, mas, para mim, Aston
Martin é demais.
Folha - No começo da atuação da
Renault no Brasil, houve problemas com fornecimento de peças e
atendimento ao cliente. Isso pode
ter prejudicado a marca?
Poupel - Várias pesquisas mostram que nossos produtos são
bem-vistos no Brasil. Mas nós
queremos ser os primeiros também em serviços, não só na quantidade, mas na qualidade.
Então, estamos trabalhando duro com nossas concessionárias
para oferecer esses serviços, em
termos de prazos de entrega, disponibilidade de carros, de equipamentos. Ainda temos algum trabalho a fazer. Quando chegamos,
a rede não era tão profissional
quanto deveria ser.
Então, decidimos mudar. Até
agora, temos sido bem-sucedidos
em melhorar isso. Primeiro, aumentando os pontos de venda,
pondo-os em melhores locais.
Folha - Qual o ponto mais forte e
o mais fraco da Renault no Brasil?
Poupel - O mais forte é como nós
fazemos nossa operação. Ela é
muito compacta, muito eficiente.
É um trabalho de equipe, não de
uma pessoa só. Quanto à nossa
rede de concessionárias, elas são
muito novas em algumas áreas.
Algumas concessionárias são
muito profissionais. Outras ainda
estão aprendendo o negócio.
Ao mesmo tempo, isso é sua
força, porque são jovens, motivadas, mas também temos dificuldades em aprender o processo de
vender carros e oferecer serviço.
Mas há potencial. Caso contrário, não seríamos parceiros. Estamos felizes de estar com eles e
queremos mantê-los felizes. Nossa parte é oferecer bons produtos.
A parte deles é fornecer serviços e
eficiência aos clientes. É nisso que
temos de trabalhar.
Folha - Segundo pesquisas de
consultorias, houve aumento no
preço dos carros entre julho e agosto, apesar da redução de três pontos percentuais do IPI. As montadoras e as concessionárias estão descumprindo o acordo de repassar a
redução para o consumidor?
Poupel - Há um mal-entedido aí.
Nós aplicamos estritamente a redução do IPI, passamos para as
concessionárias, e elas passaram
para os clientes.
E aplicamos o desconto totalmente. Não só para os preços normais, mas também para as promoções. Nós mandamos documentos mostrando isso para a
Anfavea e para o governo.
Colaborou José Augusto Amorim, free-lance para a Folha
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