São Paulo, domingo, 22 de março de 1998

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LANÇAMENTO
Câmbio duro e pouco preciso é o maior defeito do Renault, que começa a ser vendido amanhã
Novo Mégane concorre com Chevrolet e VW

Divulgação
O Mégane hatchback será importado da Argentina com preços a partir de R$ 21,1 mil


HENRIQUE SKUJIS
enviado especial a Itaparica (BA)


O estilo é o que mais chama a atenção no Renault Mégane hatchback (sem o volume saliente do porta-malas). O carro, produzido na Argentina, foi apresentado à imprensa especializada na última terça e começa a ser vendido amanhã.
A nova versão da família Mégane tem desenho moderno e soluções estilísticas interessantes, que dão ao carro um charme próprio, fugindo um pouco do que se vê nos demais concorrentes.
Exemplos dessas soluções são o recorte em forma de elipse das portas laterais e as lanternas traseiras de formato diferenciado. As linhas passam um visual dinâmico, de esportividade.
O Mégane hatch chega ao mercado brasileiro para brigar em um segmento bem competitivo.
Além dos atuais concorrentes, como Golf, Kadett, Peugeot 306 e Citroën ZX, o carro franco-argentino vai enfrentar duas novas "feras" a partir do final do ano, quando Chevrolet e Volkswagen iniciarem a produção nacional dos novos Astra e Golf, respectivamente.
A versão mais simples do Mégane hatch, a RN com motor 1.6 de 90 cv, custa R$ 21,1 mil. A RT, com o mesmo motor, sobe para R$ 22,7 mil e traz a mais pára-choques na cor do carro e acionamento elétrico para os vidros.
A versão RXE, que já traz motor 2.0 de 115 cv, pula para R$ 27,8 mil e oferece ar-condicionado -opcional nas outras versões.
São preços competitivos frente à concorrência. No entanto, para contar com freios ABS, airbag duplo e toca-CD, o consumidor terá de desembolsar R$ 31,55 mil.
Entre os atuais adversários, o Mégane é o maior em comprimento: tem 4,12 m, contra 4,08 m do ZX e 4,02 do Golf. Dessa maneira, o interior, apesar de não ser dos mais folgados, oferece bom espaço, principalmente no banco traseiro, que foi deslocado alguns centímetros para trás em relação ao da versão sedã, que é vendida no Brasil desde novembro.
Por outro lado, a curvatura da capota sobre os passageiros traseiros faz com que uma pessoa com mais de 1,80 m raspe a cabeça no teto. Na dianteira, o painel avançado tira um pouco do espaço do motorista e do passageiro.
Apesar do uso excessivo de plástico, o acabamento é um ponto forte do Mégane hatch. O interior é de extremo bom gosto, unindo praticidade e simplicidade.
Durante a avaliação feita pela Folha nas versões RT 1.6 e RXE 2.0, o carro mesclou qualidades -como a suspensão- e defeitos -como o câmbio.
Mesmo em estradas irregulares, o Mégane mostrou um comportamento seguro e estável. Além disso, as irregularidades são muito bem "filtradas" antes de chegar aos ocupantes. Essa virtude foi conseguida com as alterações na suspensão. Em relação ao carro europeu, a Renault trocou os pneus, que têm perfil mais alto, e recalibrou os amortecedores.
O câmbio, assim como no Mégane Sedan, é um dos piores quesitos. Além de duro, tem engates poucos precisos. A quinta marcha por exemplo, exige concentração para ser engatada.
Os dois motores avaliados -1.6 e 2.0- estão longe de oferecer esportividade e também não são dos mais fortes nas retomadas, que por outro lado, são precisas, sem engasgos.
O desempenho é compatível com o dos concorrentes. O senão fica para o nível de ruído, que parece acima da média.


O jornalista Henrique Skujis viajou a convite da Renault do Brasil



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